Capitão Pátria confronta o seu passado da forma mais “The Boys” possível, mostrando o por que ele é um dos melhores vilões da cultura pop atual.

A Vought News Network tem orgulho de anunciar sua nova série #ABombaDaVerdade! Junte-se à apresentadora Espoleta e seus convidados famosos para a estreia ao vivo de 6 horas, onde eles revelarão as Farras de Adrenocromo da Luz-Estrela!

Depois dos eventos do episódio anterior, acompanhamos a jornada do Capitão Pátria confrontando a sua infância, Hughie tentando salvar seu pai da forma mais errada possível, e a equipe da Luz-Estrela tentando desmascarar e derrubar a Espoleta.

Logo de cara eu quero falar de como essa temporada de “The Boys” pisou no acelerador e não teve medo de mergulhar de cabeça nas críticas políticas e expor como a nossa realidade pirou completamente nos últimos anos, e esses comportamentos vindo principalmente de um certo espectro político são assustadores. E embora os mentecaptos que nunca realmente quiseram prestar atenção no que a série estava querendo dizer estejam revoltados, acredito que o trabalho do showrunner Eric Kripke (Supernatural, O Mistério do Relógio na Parede) seja bem acima da média, e ele tem tido exito na execução de todas as alegorias até agora.

A direção do episódio fica por conta de Phil Sgriccia (Supernatural, Hack), um dos produtores da série que já dirigiu alguns episódios anteriores. Enquanto a direção nunca foi o forte de “The Boys”, seria injusto falar que a série é mal dirigida, embora alguns momentos realmente não sejam bem finalizados. Por isso, a direção do episódio fica no padrão geral da série, com um valor de produção com uma boa qualidade, carregada pelo alto nível do texto e atuações excelentes do elenco.

Uma das coisas que mais tem brilhado nessa temporada é o núcleo da Luz-Estrela (eu juro que não foi planejado), interpretada por Erin Moriarty (Capitão Fantástico, Herança de Sangue). Ela assume essa bronca de se tornar a bandeira contra o Capitão Pátria e não sabendo lidar com tudo isso é muito interessante, principalmente com os segredos pessoais de seu passado sendo cavucados e revelados para o mundo da maneira mais nojenta possível.

E o seu contraponto oferecido pela personagem Espoleta, vivida por Valorie Curry (Detroit: Became Human, The Tick) é fascinante, pois ela é basicamente uma versão da Luz-Estrela que deu errado e não teve nenhum código moral para guiá-lá. Agora abalada e sem qualquer apoio, vamos ver o que resta para ela fazer para tentar recuperar sua imagem e continuar a enfrentar o Capitão Pátria e a Vought.

Hughie, de Jack Quaid (Oppenheimer, Pânico) continua tentando salvar seu pai, fazendo uma aliança inesperada com A-Train (Jessie T. Usher), que tem tido uma espécie de arco de redenção na temporada que deve com certeza gerar a sua morte. Agora que o Composto-V  foi dado para seu pai, ele deve ter alguma mutação de genes e personalidade junto de seus novos poderes, e acredito que devem usar isso para expor o quão nocivo esse composto é para os seres humanos.

Já todo o núcleo do Francês (Tomer Capone) e de Kimiko (Karen Fukuhara) continua sendo a pior coisa da temporada. Parece que eles estão em uma série paralela completamente desconexa, e até agem como se não quisessem mais fazer parte dela. Eles são dois dos melhores personagens desta série, mas desde a terceira temporada tem recebido tramas paralelas insuportáveis que não levam a lugar nenhum ou desenvolvem os seus personagens de forma individual. É até interessante ver esse conflito do Francês, mas a essa altura fico feliz que eles parecem ter encerrado esse arco.

E Billy Bruto, vivido por Karl Urban (Dredd, Thor: Ragnarok) continua tendo um mistério sobre o que está acontecendo com seu corpo, revelando que ele de fato adquiriu algum superpoder afinal. Suas alucinações e morte iminente continuam o assombrando profundamente, e apesar de ser um completo canalha não tem como não gostar desse desgraçado. Resta saber que destino irão dar para ele, que talvez possa bater as botas ainda nesta temporada.

Vamos falar então do grande destaque do episódio: O Capitão Pátria voltando para o laboratório que o criou e confrontando o seu passado. Toda essa parte do episódio é carregada com uma tensão sem fim, afinal sabemos o que este psicopata é capaz de fazer. E conforme ele vai matando os cientistas, a série vai nos colocando a par de todos os abusos e injustiças que ele sofreu quando criança, mas sem fazer com que sentissem pena dele, já que ele é um monstro sem qualquer possibilidade de redenção.

E eu quero destacar que diferentemente do que muitos falaram sobre este episódio, não acho que seja a melhor interpretação de Antony Starr (Banshee, Outrageous Fortune) como Capitão Pátria. Acho que o ator sim é magnífico e a grande “alma” da série, e até merecia concorrer e ganhar prêmios pelo seu impressionante trabalho fácil (isso até nos gerou incontáveis memes ao longo dos anos). Pra mim, Starr entregou outras performances mais impressionantes em episódios passados, e aqui o que brilha mesmo é o sadismo do personagem.

Essa busca dele para se entender resulta em uma análise bem interessante do personagem sobre a sua busca pela aprovação e amor alheio. Claro, isso era bem claro ao longo de toda a série, sendo que ele sempre tem uma figura que representa isso (Madelyn, Stormfront, Soldier Boy, Ryan), mas aqui é verbalizado e até explicado o por que ele tem essa angústia em não receber esse amor/aprovação que tanto busca, sendo até isso um fruto de experimentos realizados consigo.

Agora com essa grande mudança do Capitão Pátria, ele deve se soltar completamente e não buscar uma aprovação de ninguém, apenas da população. E não poderia estar mais curioso pra ver o que vai sair dessa versão 2.0 desse vilão aterrorizante.

No fim, a 4ª Temporada de “The Boys” continua mantendo o altíssimo nível da série, focando no que tem de melhor: A escrachada representação da nossa realidade política social e o inacreditavelmente bom vilão construído. O episódio mantém os tropeços da temporada em desenvolver algumas subtramas e continuar dando atenção a elas, mas pelo menos avançou a história principal e arcos interessantes que vão gerar boas ramificações ao longo deste ano da série.

Nota: 8

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