Apesar de não chegar a ser um sublime filme de superação, é um bom filme de matemática.


O Forúm Nerd foi convidado para assistir o filme em uma cabine de imprensa á convite da Synapse Distribution.

O que aconteceria se você fosse um gênio da matemática e estivesse em loop de pensamentos sobre aquilo que você mais gosta de fazer? esses pensamentos são abordados em “O Desafio de Marguerite”, um filme que explora o sexismo e o preconceito acadêmico arraigado dentro das instituições de ensinos, mas será que um filme assim é o suficiente para explorar esse meio? 

Marguerite ( Ella Rumpf), é uma garota prodígio. Estudante em uma conceituada escola de matemática na França, ela transmite um ar sério, com uma rigidez e a introspecção típicas do estereótipo do nerd, que não liga muito para a aparência, nem para as relações pessoais, adotando uma atitude mais anti social em prol da dedicação aos estudos, após ter se retirado de sua função e da matemática após um erro em uma de suas equações em sala de aula, ela passa por diversas provações e transformações em dua vida.

A narrativa do filme não tem muito segredo, talvez é o elemento do filme mais simplista de todos, com vários clichês básicos daqueles filmes de superação onde o protagonista passa por uma transformação completa após uma série de ocasiões cotidianas e ver que a vida é além de só aquilo que a pessoa tinha com hobby. E por diversas ocasiões cansa um pouco talvez acompanhar algo que você sabe que vai dar naquele final de sempre. A diretora francesa Anne Novion, aponta sua câmera para a realidade de uma mulher inserida em um universo que exala masculinidade, é um romance que beira ao melodrama. 


Óbvio que isso pode não atrapalhar quem for assistir ao filme, já que com esses momentos clichês tem um divertimento no meio que é gostosinho de se ver, minha pate favorita certamente é quando a protagonista decide jogar ‘Mahjong’ com um bando de velhos chineses em uma lojinha da qual reside que é bastante perspicaz, lembra até mesmo “Gambito da Rainha” nessa parte, claro que sem o mesmo glamour quase ficcional daquela série em relação a isso. Além disso, comparações com produções do tipo a série citada ou ao filme “Uma Mente Brilhante” podem ser inevitáveis, focando na obsessão pelos números, transformando cada centímetro do quarto de Marguerite em uma lousa completamente abarrotada de cálculos, por exemplo. 

Mas é interessante ver que ela segue por outros caminhos e apresenta um olhar feminista a respeito das mudanças que ocorreram na trajetória da jovem protagonista. Diante da decepção que Marguerite sofre, ela passa a depender menos da aprovação masculina, e passa a se sentir mais confiante em novos desafios, é talvez um dos melhores pontos da narrativa aqui, a construção de personagem, embora clichê e previsível, foi bem construída pela proposta não-ficcional do filme.

Com tudo isso relatado, a fotografia é séria e bem agradável, o contraste de cores noturnas por exemplo é uma das melhores coisas no filme. E o filme conta com um ritmo suficiente para garantir que todas as batidas cheguem a uma pontualidade boa e com emoção a algumas cenas. As performances de todos estão boas, embora eu ache que a protagonista não seja nada além de uma monotonia que pega quase que toda a obra presente, claro que isso é exigido de sua personagem de início, mas cansa ver que a personagem mesmo vivenciando certas coisas no filme parece não deixar de lado aquela atuação de tímida e desajeitada de sempre.


Conclusão: Um filme que talvez as recepções em festivais tenham sido exageradas? o que não seria uma novidade, claro, mas isso não torna o filme ruim, de jeito algum, apesar de usar um método batido de filme com uma proposta realmente diferenciada que teria se beneficiado de uma estrutura igualmente diferente, o filme tem sua beleza em expor uma crítica sobre o que as profissionais desse meio matemático podem passar em um lugar onde a exclusão pode ser presente, ele tem uma boa áurea e aqueles que gostam de contas e subtrações ( confesso que não sou fã de matemática, assim como Albert Einstein) talvez vá gostar de ver o filme até mesmo como algum meio de aprendizado na área, mas infelizmente o filme tinha potencial de se provar mais e no fim, não se provou tanto assim.

Nota: 6

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