Alguém sabe onde se encontra Ahsoka? Se a encontrar, diga as más notícias: a série com seu nome não é sua, mas apenas um Rebels 2.0

Dave Filoni, o cowboy fanboy que agora é o queridinho dos fãs e da LucasFilm (cuidado, Kathleen Kennedy) parece não entender muito bem o conceito de protagonista, e nem como dar títulos apropriados para seus projetos. Pois, quando alguém vê uma série intitulada 'The Book of Bobba Fett', é esperado que, obviamente, Bobba Fett é o protagonista e aquela é sua história. Não, você está enganado, tome aqui uma série sequestrada pelo Din Djarin, o Mandaloriano estoico interpretado pelo Pedro Pascal. Temura Morrison, que interpreta o Bobba Fett, reclamou da mesma coisa inclusive. Coitado. Apenas confie no Dave Filoni! Espero que daqui a alguns meses a Rosario Dawson não faça uma reclamação parecida; "Muito, Muito Distante" acaba deixando de lado sua protagonista e assume uma identidade que é estritamente "a série sequência de Star Wars: Rebels", com a Sabine Wren roubando os holofotes e recebendo todo o destaque.

O episódio é mais um sintoma da doença que assola a série, com seus desvios repetidos da Ahsoka Tano enquanto ela segue em sua busca atrás de Sabine. É apenas na cena inicial que Ahsoka está presente em todo o episódio e depois disso ela desaparece.

A série parece estar se perdendo na tentativa de expandir o universo de Star Wars, ainda mais com a introdução da nova galáxia no episódio, prometendo novas possibilidades de histórias. No entanto, o que é oferecido aos espectadores é um breve vislumbre que mal arranha a superfície desta nova galáxia  muito, muito distante. Meh.

Sobra então o alvoroço que foi feita pela estreia em live-action de Thrawn, interpretado por Lars Mikkelsen (já acostumado com o personagem, já que o mesmo o dublou em Rebels). Inquestionavelmente um momento importante dado que é um personagem consideravelmente amado pelos fãs, já tendo duas sagas de livros protagonizadas pelos mesmo — mas no fim sua introdução é ofuscada pelo enredo lasso em torno de Sabine Wren. O roteiro tem a incompetência esperada do Filoni e a direção de Jennifer Getzinger cumpre seu papel, mas não é nada além do padrão esperado em séries de TV como essa; tem até uma parte que remete ao Episódio IV - Uma Nova Esperança e as imagens tiradas do documentário nazista Triunfo da Vontade, aqui contextualizado para acentuar o projeto fascista do Thrawn com os esperados símbolos autoritários do Império.



George Lucas is the blueprint

Embora o episódio tenha alguns pontos positivos, um pouco da presença de Thrawn e o Ray Stevenson como Baylan Skoll, ele ainda não consegue entregar o peso narrativo que deveria ter. O reencontro entre Sabine e Ezra só terá impacto emocional para alguns, enquanto para aqueles que não assistiram Star Wars: Rebels será só mais um momento vazio.

Não é um absurdo afirmar que "Muito, Muito Distante" — e a temporada como um todo até então — depende muito de conexões com séries anteriores. Momentos como a entrada do Thrawn até mostram potencial, mas nada consegue entregar um episódio satisfatório. Com apenas dois capítulos restantes na temporada, Ahsoka deve encontrar uma maneira de elevar sua narrativa além do apelo à nostalgia.

Nota: 5

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