Filme apresenta um falso thriller pouco envolvente e com um ritmo maçante.

O Fórum Nerd foi convidado a conferir o filme em uma cabine de imprensa virtual á convite da Synapse Distribution. 

Maureen Kennedy, uma dirigente sindical da companhia de energia nuclear Areva, descobriu um acordo entre a companhia e a China que iria entregar tecnologia nuclear para o país asiático e possivelmente acabar com milhares de empregos. Ela decide denunciar esse acordo importa, já que se preocupa com os trabalhadores franceses e seus direitos, e por causa disso ela teve sua casa invadida e foi violentada. A Sindicalista é baseado em fatos reais e adapta o livro La Syndicaliste, que narra os eventos que descrevi.  

O filme começa já em 2012, no dia do ataque á Maureen, e tenta se estabelecer como um thriller já em suas cenas iniciais, com os policias investigando a cena do crime; a própria casa da vítima. Logo após então a trama volta no tempo e se torna quase que um thriller político. Vemos Maureen descobrir o acordo e sua jornada para tentar denunciá-lo. Bastante é mostrada da rivalidade da Maureen e o presidente da Areva na época, Luc Oursel. 

A primeira metade termina com o ataque, e depois do contexto ser dado para a motivação do mesmo, a segunda metade é focada na investigação e legitimidade do ataque, que o filme não deixa claro, preferindo gerar uma ambiguidade; deixando o espectador inseguro se Maureen o forjou ou não. Mas essa ambiguidade se torna irritante com o passar do tempo, a tentativa escrachada de criar um tipo de efeito Rashomon detrai a narrativa.


A indecisão do filme sobre qual história quer contar é o seu maior problema. Ele transita entre subgêneros, mas não consegue explorar nenhum verdadeiramente. Vai de thriller de mistério ao thriller político, e também usa convenções do thriller psicológico. O thriller político é o mais mal utilizado, a problemática do acordo da tecnologia tecnológica com a China é explorado aqui e ali no primeiro ato (que traz questões de desigualdade de gênero de forma superficial), e só é retomado nos três minutos finais. O mais engraçado é quando repentinamente no final do terceiro ato o filme se torna um courtroom drama.

Um dos pontos baixos do filme é a direção. Jean-Paul Salomé tenta tornar a câmera imperceptível, a deixando vagarosa e estática para que uma naturalidade possa surgir, mas isso só torna o filme ainda mais fastidioso, passando longe do cinema verité e indo mais para o território de direções pouco inspiradas e nada dinâmicas de uma série de TV barata. A edição também atrapalha ao invés de ajudar, já que há várias instâncias de cortes secos que terminam cenas de forma abrupta.


Apesar do material não ser dos melhores, Isabelle Huppert entrega uma boa performance como Maureen Kennedy. Sua atuação bem natural e sem explosões enfatiza a personalidade calma da personagem, mas ainda a dá uma gama de emoções nas várias situações absurdas que ocorrem com a Mareen, que faz com que o público simpatize com ela.

No fim o elenco consegue entregar um bom trabalho, mesmo que isso não possa ser dito do roteiro e da direção, o filme consegue ser parcialmente salvo pelas performances. A história real de Maureen Kennedy merece ser contada, e por isso é uma pena que esse tenha sido o longa que finalmente o fez. 

Nota: 5

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