Primeiro episódio utiliza mal a própria premissa e prenuncia mais uma série fraca da Marvel
SPOILERS ABAIXO
Depois de oito meses sem uma série do Universo Cinematográfico Marvel para o Disney+ (a última sendo da Mulher-Hulk, que terminou em outubro do ano passado), Invasão Secreta chegou para dar o pontapé inicial da Fase Cinco na mídia de séries. A premissa é interessante, e mesmo que siga o ponto principal da saga na qual se inspira, ainda há inúmeras diferenças que fazem dessa uma história única.
Primeiro, protagonizada do Nick Fury, o núcleo de espionagem do UCM e os Skrulls, a série parece se afastar um pouco dos personagens de collant, mesmo que obviamente terá aparições já que esse ainda é um universo focado em super-heróis. A trama quer criar uma tensão e um clima de paranoia, explorando territórios que foram vistos apenas em Capitão América: O Soldado Invernal e Agentes da S.H.I.E.L.D.
Apesar de contar com uma clara inspiração em thrillers de conspiração dos anos 70 — principalmente a estrutura e estética — Invasão Secreta acaba parecendo mais uma paródia dos mesmos do que uma obra que tenta seguir essa mesma veia. Quando um personagem paranoico que cria várias teorias e possui um mural cheio de recortes de jornais aparece logo no começo do episódio, já dá para perceber que qualquer resquício de criatividade será algo difícil de se achar.
Não apenas isso, mas talvez o maior crime do episódio seja utilizar mal a premissa de paranoia e conspiração, toda baseada nos Skrulls, alienígenas que podem assumir a forma de qualquer pessoa, executando uma invasão gradual há algum tempo na Terra. A forma mais óbvia de criar tensão será uma grande revelação de algum personagem que na verdade é um Skull disfarçado, isso obviamente será guardado para os próximos episódios, mas na falta dessa carta na manga, não há nenhum tipo de surpresa que consiga ser um cataclismo interessante o suficiente para preparar uma trama para fazer o espectador roer as unhas, algo que um thriller nos moldes que Invasão Secreta está tentando seguir precisa.
Uma coisa engraçado é a tentativa de evocar o mesmo clima político presente na Guerra Fria para os dias de hoje, deixando ainda mais escancarado as inspirações nos filmes de conspiração do século passado. No episódio, Fury é inteirado sobre a facção de Gravik (um radical Skrull, o vilão principal da série), que planeja um grande ataque terrorista para desencadear uma guerra entre a Rússia e os Estados Unidos, usando um grupo extremista chamada Americanos Contra a Rússia (sim, isso é real) como fachada. Plot point tirado de livros do Tom Clancy que tenta permanecer relevante nos dias de hoje, mas falha.
Talvez os próximos episódios consigam estabelecer melhor esse clima de paranoia e conspiração, mas julgando por esse primeiro episódio, a série pode não passar de apenas um O Soldado Invernal versão lite, pouco inspirado e levando a sério demais o esqueleto de trama que possui.
Nota: 5
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