Último episódio encerra de forma chocante e reflexiva não só a melhor adaptação de games já feita, como uma das melhores séries do ano.

Uma Anna grávida deposita toda a sua confiança em uma amiga de toda a vida. Mais tarde, Joel e Ellie se aproximam do fim de sua jornada. 

Enfim, chegamos ao fim da 1ª Temporada de “The Last of Us”, a já aclamada série da HBO que adapta o jogo (também aclamado) da Naughty Dog que tem Craig Mazin (Chernobyl) como showrunner, produtor e principal roteirista, e Neil Druckmann (Uncharted), o criador do jogo como produtor e roteirista.

O episódio começa com algo muito pedido pelos fãs e que não tem nos jogos: uma sequência mostrando Anna, a mãe de Ellie que está grávida, sendo perseguida por um infectado e dando a luz a Ellie no meio disso tudo, explicando o por que ela é imune ao fungo. Anna é interpretada por Ashley Johnson, a dubladora e atriz que interpretou Ellie originalmente nos jogos, e vemos ela aqui dando vida a Ellie da série, algo bem poético e uma sacada genial de Mazon e Druckmann.

Ela então dá a Ellie recém nascida para Marlene (Merle Dandridge), que decide salvar a criança. É uma sequência bem simples mas tocante que é mais um exemplo dado pela série de como acrescentar coisas a um material base já rico. Esses pequenos cantos e lacunas que a série tá preenchendo do lore dos jogos é o tipo de coisa que eu quero ver mais em adaptações de jogos.

Depois disso, voltamos a ver Joel (Pedro Pascal) e Ellie (Bella Ramsay) em uma cidade tentando chegar ao destino deles: uma base dos vagalumes. Ellie ainda está claramente abalada pelos eventos do último episódio, e temos uma sequência linda dos dois andando pela cidade e conversando sobre a vida, com confissões de Joel sobre quando ele tentou se matar, e como achou um novo sentido na vida com Ellie.

Eles até mesmo replicam aquelas ceninhas dos jogos em que Ellie usa Joel para subir em um lugar alto, e derrubar uma escada pra ele também subir, sem falar na cena das girafas, um dos momentos mais clássicos dos jogos transposto para o live-action.

Exaltar as interpretações de Pedro Pascal (The Mandalorian, Mulher-Maravilha 1984) e Bella Ramsey (Game of Thrones) é chover no molhado. Os dois estão ótimos e entregam tudo que é preciso. Mas é curioso como os últimos episódios ficaram nas costas de Ramsey, e Pascal assume quase todo o protagonismo e brilho desse episódio.

Eles são enfim encontrados pelos vagalumes, e Marlene revela a Joel a cruel verdade de que eles terão de retirar uma amostra do fungo do cérebro de Ellie para poder gerar uma cura, a matando. 

A direção fica por conta de Ali Abbasi (Border, Holy Spider), que dirigiu também o oitavo episódio. Abassi é uma das melhores escolhas criativas para dirigir episódios dessa série, e fico extremamente feliz de ver a HBO e os produtores apostando em nomes incríveis fora do circuito tradicional americano. Destaque também para a linda e simples fotografia de Nadim Carlsen (Border, Holy Spider), o cinematógrafo tradicional de Abbassi que foi trazido pelo diretor para trabalhar junto na série.

O diretor arrebenta com a sequência em que Joel enlouquece e decide matar todos os vagalumes. Com shots bem de perto centrados na cara dele e com a arma saltando na tela, e logo depois que ele mata alguém, a câmera mostra o chão com a bala caindo, tudo isso feito de uma forma chocante e bem filmada. E o som ao redor aos poucos sumindo para o tema principal de The Last of Us composto por Gustavo Santaolalla (O Segredo de Brokeback Mountain, Biutiful) dominar o ambiente é um detalhe incrível. 

É realmente como se Joel estivesse totalmente cego em cumprir o seu objetivo, massacrando todos ao seu redor sem o menor remorso ou pensamento. A única coisa que importa para ele, é salvar Ellie e a si mesmo, já que ela é a única coisa que importa na sua vida.

E chegamos ao polêmico momento: onde a série nos coloca no lugar de Joel e traz a reflexão de se ele está ou não certo. Como veremos na próxima temporada, não existem heróis e vilões nesse mundo. Todo mundo é o vilão da história de alguém, e por mais que Joel tenha suas motivações (e bem compreensíveis), ele ainda é um psicopata assassino que matou dezenas de pessoas. E esse é o tipo de discussão e construção de personagem que transforma a história e narrativa simples de The Last of Us em algo rico.

E depois de tudo isso, temos a conclusão (mais uma vez, bem parecida com o jogo) de Ellie confrontando Joel sobre se ele contou a verdade sobre o que realmente aconteceu na base dos vagalumes. É um final bem interessante e blá, blá blá, mas eu amo como a série ainda dá uma leve piscadinha para os fãs sobre o futuro, mas sem ser daquela forma genérica que a cultura pop moldou a gente a aceitar. Eles podiam muito bem ter colocado a personagem Abby para fazer uma ponta e gerar palmas dos fãs, mas optaram por focar no que realmente importa e ainda assim dar um pequeno e sutil agrado para aqueles que sabem o que está por vir.

O episódio final de “The Last of Us” não é perfeito (assim como a série). Ele te choca e traz reflexões profundas sobre as ações de Joel assim como no jogo, e mesmo com um ritmo não tão fluido, ainda consegue trazer uma conclusão satisfatória para essa primeira parte da jornada de Joel e Ellie. E com uma 2ª Temporada oficializada, mal consigo conter a ansiedade de esperar para poder assistir ela, principalmente a cena onde eles “jogam” golfe.

Nota: 9

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