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Filmes,
Minisséries e Documentários de True Crime estão em alta ultimamente. O gênero tenta trazer uma representação
fiel aos fatos ocorridos, ainda que amenizem ou alterem alguns detalhes na
história. Porém, o que muda de uma produção para outra é a forma como a
narrativa é explorada.
Em
2022, tivemos excelentes produções True Crime, tais como “A Escada”, “Pacto
Brutal: O Assassinato de Daniella Perez”, “O Enfermeiro da Noite” e “Dahmer: Um
Canibal Americano”. “Candy: Uma História de Paixão e Crime” é uma minissérie True Crime que aborda o trágico e brutal assassinato de Betty Gore por Candy
Montgomery, cometido a machadadas. O caso chocou uma pequena cidade inteira,
fazendo com que os vizinhos e amigos das famílias questionassem em quem eles
podiam confiar.
Em 1980, Candace “Candy” Montgomery (Jessica Biel, de “O Ilusionista”, 2006) é uma dona de casa e mãe norte-americana que sempre fez tudo certo e que tem uma vida aparentemente perfeita no Texas: um marido com bom emprego, um casal de filhos, uma bela casa no subúrbio e é uma pessoa que sempre frequenta a igreja. Então, por que ela mataria Betty Gore, sua melhor amiga da igreja, com 41 golpes de machado?
Vizinhas
e colegas de igreja há anos, Betty e Candy sempre tiveram uma relação amigável.
Porém, tudo isso muda quando Candy – por se sentir pressionada pelo tédio de um
casamento infeliz e com uma rotina sem graça em sua vida – resolve ter um caso
extraconjugal com o marido de Betty, Allan Gore. Ao descobrir o caso
extraconjugal entre os dois, Betty fica transtornada e decide confrontar Candy.
Em meio ao violento desentendimento entre as duas, o caso termina em um brutal
assassinato.
Os criadores de “Candy: Uma História de Paixão e Crime”, Robin Veith e Nick Antosca, tomaram a interessante decisão de começar o enredo com o dia do assassinato já logo no primeiro episódio; e, em seguida, reconstruir o caso que levou a esse trágico evento nos quatro episódios subsequentes, narrando a investigação policial e o julgamento de Candy Montgomery. A minissérie, de cinco episódios, acompanha os eventos que antecederam o assassinato, a investigação policial acerca do trágico evento e, por fim, o julgamento. Há flashbacks dos eventos e situações que levaram Candy a cometer o crime – para isso, a dupla tomou uma quantidade substancial de licença dramática para construir a narrativa.
Ao
longo da trama, o público é forçado a se questionar se a própria Candy era
a assassina ou se foi outra pessoa na comunidade fechada na cidade de Wylie,
Texas. Isso ocorre porque os protagonistas ao redor de Candy, principalmente o
marido dela e Alan – o marido de Betty –, são retratados como personagens
tridimensionais. Esses personagens, bem como a investigação policial, parecem ser
extremamente instáveis na maneira como a história se desenrola.
Entretanto, essa construção narrativa não fica somente atrelada aos personagens – também se estende ao formato da minissérie em si. “Candy: Uma História de Paixão e Crime” quer ser muitas coisas ao mesmo tempo, e acaba entregando um produto um tanto indeciso. Dessa forma, a produção transforma a cidade de Wylie em uma vitrine cheia de argumentos narrativos para o público ver o quanto está sendo contado ao mesmo tempo.
Com
isso, a produção em tela tem uma oscilação grande em sua narrativa, nunca tendo
certeza de onde quer chegar. Assim, a história parece querer defender Candy Montgomery como uma
mulher que apenas teve um surto psicótico, liberada após anos de trauma e
tensão conjugal. É nesse ponto que “Candy: Uma História de Paixão e Crime” se
encontra confuso. Como resultado, muitos dos personagens são reduzidos a apenas
peças pequenas em um tabuleiro para se centralizar apenas em Candy e Betty.
Em relação às atuações, Jessica Biel e Melanie Lynskey estão fenomenais como duas donas de casa profundamente insatisfeitas com suas vidas e que acabam se cruzando tragicamente. Candy e Betty são completamente o oposto uma da outra – um forte contraste entre as duas personagens que a produção faz questão de explorar tão enfaticamente. Essa abordagem narrativa faz com que a minissérie em tela dependa quase que completamente de Biel e Lynskey mais do que de qualquer outro membro do elenco.
Jessica
Biel tem um desempenho intenso ao representar Candy com uma energia fria e
calculista. Dessa forma, a atriz conseguiu entregar uma personagem bastante
interessante. A maneira como Candy trata seu caso extraconjugal, da mesma forma
que qualquer outra atividade cotidiana em sua lista de tarefas de dona de casa,
é impressionante – e isso só se torna altamente convincente devido à excelente
atuação de Biel.
“Candy: Uma História de Paixão e Crime” é uma produção original da plataforma Hulu, cuja trama é baseada no livro “Evidence Of Love: A True Story of Passion and Death in the Suburbs”, escrito por Jim Atkinson e John Bloom, e narra o caso real envolvendo o assassinato de Betty Gore por Candace Montgomery, no início dos anos 1980. A Disney, proprietária majoritária da plataforma Hulu, confirmou que a produção seria disponibilizada no serviço de streaming – com isso, “Candy: Uma História de Paixão e Crime” foi lançada no Brasil em julho de 2022 pela Star+, que também pertence à Disney.
Por fim, vale ressaltar que o caso envolvendo o assassinato de Betty Gore por Candace Montgomery vai ganhar outra adaptação, desenvolvida pelo serviço de streaming HBO Max, também em formato de minissérie de suspense. A produção, intitulada “Love And Death”, vai contar, basicamente, a mesma história e vai ser estrelada por Elizabeth Olsen (de “Doutor Estranho no Multiverso da Loucura”, 2022) como Candy e Jesse Plemmons (de “Ataque dos Cães”, 2021) como Allan. “Love And Death” vai chegar ao catálogo da HBO Max entre março e junho de 2023.
“Candy: Uma História de Paixão e Crime” mantém um ritmo intrigante até seu último episódio. A narrativa se mostra misteriosa ao sair de um drama rotineiro e entrar em um suspense de assassinato, a partir da rotina cotidiana de Candy e o que se desenrolou subsequentemente. Porém, a minissérie comete o erro da maioria das produções de True Crime ao focar demais no assassino e não o suficiente nas vítimas. Isso ocorre porque a verdade sobre a história do que realmente aconteceu naquele dia em questão pode nunca ser conhecida – haja vista que, por motivos óbvios, não há versão da vítima.
Ainda
assim, a produção entrega um final bem fechado e conclusivo. Na maior parte dos
episódios, a minissérie constrói uma abordagem interessante na vida dos
personagens principais, com suas próprias motivações. Mas, quando o foco salta
para o julgamento de Candy, a narrativa parece tomar outro rumo. No final das
contas, “Candy: Uma História de Paixão e Crime” perde um pouco de sua
intensidade narrativa em comparação com o intenso desempenho de Jessica Biel – mas,
talvez, isso ocorra por conta da supersaturação de produções True Crime sendo
lançadas recentemente.
“Candy: Uma História de Paixão e Crime” está disponível, no Brasil, na Star+.
Nota: 7.5
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