Minissérie que une documentário e dramatização é uma pequena pérola dentro do catálogo da Netflix e deve conquistar os fãs de histórias de época.
Sexo, Sangue & Realeza estreou na gigante do streaming na última quarta-feira sem grande alarde ou campanhas de marketing massivas. Uma estreia tímida para um produto com enorme potencial, na verdade. Na trama da minissérie de apenas 3 episódios, acompanhamos a ascensão e queda da rainha consorte Ana Bolena, uma das figuras mais emblemáticas da monarquia inglesa.
Para quem não é familiarizado com história, uma breve introdução: Ana foi a segunda esposa do rei inglês Henrique VIII, mais conhecido por ter rompido com Igreja Católica Romana e o poderio papal. Sua devoção à Bolena o levou a fundar a sua própria Igreja, onde ele era a autoridade máxima e podia fugir dos dogmas que o impediam de anular o casamento com sua primeira esposa, Catarina de Aragão.
Não de preocupe, no entanto, se pareceu confuso, pois eis o primeiro mérito da produção escrita por Francesca Forristal: temos a dramatização das cenas intercaladas com entrevistas com historiadores especializados na história de Ana Bolena, apresentando todo o contexto social de forma didática e, sobretudo, envolvente. E não pense que isso torna a produção mais morosa, pois, pelo contrário, há um impacto muito maior nas encenações dos atores após o relato trazido pelos historiadores. Assim, a narração traz um peso maior a cada cena seguinte.
As atuações, por sua vez, são todas extremamente competentes, sobretudo no que diz respeito à química entre o casal principal, interpretados por Amy James-Kelly e Max Parker como Ana Bolena e Henrique VIII, respectivamente. No entanto, há de se comentar sobre um debate que pode surgir acerca da possível romantização da época ou do próprio relacionamento em si, seja por uma possível suavização por parte dos historiadores ou, quem sabe, pela falta de verossimilhança na busca por tornar um história real densa mais palatável ao público mainstream. Particularmente, não foi algo que me incomodou, porém fica o alerta: aproveite, mas procure aprofundar um pouco mais na história depois, certo? É garantia de que você ficará obcecado por esse período específico da monarquia inglesa por alguns dias.
Além disso, não poderia deixar de mencionar que o formato curto do programa e a maneira ágil como conduz a narrativa o transforma em um candidato perfeito a tornar-se uma antologia, com cada temporada abordando figuras históricas de destaque, como Joanna D'arc e Maria Antonieta que também tiveram que lidar com cortes cheias de intrigas e traição.
Por fim, reitero, além das qualidades técnicas de Blood, Sex & Royalt (no original), a maneira envolvente com que nos leva ao século XVI e a sensibilidade com a qual trabalha a história de Ana Bolena. Para amantes de um bom drama de época, certamente vai ser um passatempo prazeroso.
Nota: 8
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