"Meu Policial" entrega um roteiro fraco, com direção rígida e atuações pouco inspiradas.

Quais elementos tornam um romance bem sucedido? A química entre os personagens é, sem dúvida, um fator preponderante, haja vista que não há romance efetivo se nós como espectadores não nos engajarmos e torcermos pelos envolvidos na relação. Temos ainda a história e jornada individual de cada um dos personagens que precisa revelar a fundo seus propósitos e motivações.

Ainda que o cenário já tenha melhorado significativamente, temos que concordar que ainda são poucos os romances LGBTQIAP+ que ganham evidência na indústria do cinema. E no romance da crítica de hoje, além de ganhar evidência temos um mega astro na linha de frente da produção.

Meu Policial (My Policeman) é um romance dramático baseado no romance de 2012 de mesmo nome de Bethan Roberts. O filme é dirigido por Michael Grandage e tem o roteiro assinado por  Ron Nyswaner. O longa chegou ao streaming da Amazon Prime Video no dia 4 de novembro de 2022.



O filme se passa na década de 1950 em Brighton, Grã Bretanha, uma época na qual a homossexualidade era tida como ilegal. Sob essa premissa somos apresentados a Tom Burgess (Harry Styles), um jovem policial que mantém uma vida dupla. Ele se casa com Marion (Emma Corrin), enquanto mantém um relacionamento às escondidas com Patrick Hazlewood (David Dawson), um curador do museu pelo qual ele se apaixona. O caso se descoberto pode arruinar tanto sua carreira quanto seu casamento.

Meu Policial se desenvolve sob duas linhas temporais distintas. Vemos o futuro dos personagens antes mesmo de conhecer o desenrolar de suas histórias. A constatação e identificação dos personagens é imediata, ainda que o filme pareça que inutilmente quer fazer mistério em cima de obviedades. 




Ron Nyswaner entrega um roteiro pouquíssimo inspirado. Os diálogos são blasê e pouco ajudam na construção dos personagens. Temos um romance pouquíssimo apaixonado, que perece sob a falta de carisma de seus protagonistas, que são chatíssimos em ambas as linhas temporais.

A trama até tenta provocar ao trazer uma pauta poderosa, mas falha ao cair em um melodrama barato que não se aprofunda emocionalmente. Até mesmo os cenários e figurinos parecem ter medo de ousar e pairam no simplesmente democrático.



Harry Styles não é a pior coisa do filme. Mas de certo não colabora com uma interpretação pouco eficiente. Até mesmo Emma Corrin que brilhou na quarta temporada de The Crown em um papel complexo como o da princesa Diana, sob a direção rígida de Michael Grandage, entrega bem menos do que poderia. Dawson é quem mais acerta no tom do personagem Patrick e tenta guinar esse barco que, todavia, naufraga inevitavelmente.

Temos aqui, portanto, uma história clichê, trágica, como outras inúmeras, pouco imaginativa e que mostra que nem sempre um rosto popstar pode salvar algo que está fadado ao fracasso. Uma pena já que uma pauta relevante como essa merece todo o brilho possível.

Nota: 4,0

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