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Outubro.
Mês do Dia das Bruxas. Tal como as comédias familiares de Natal obrigatórias
que estreiam em dezembro, as comédias familiares de Halloween nesta época do
ano são tão certas quanto quaisquer outros filmes de terror com esse tema
lançados às vésperas dessa data em específica. E, uma grande vantagem é que não
falta criatividade para explorar produções com essa temática.
Em
2022, a Netflix entrega “A Maldição de Bridge Hollow”, uma comédia familiar de
terror de Halloween criativa, que lembra bastante “O Halloween do Hubie” (2020);
com a diferença de que o ator principal é Marlon Wayans em vez de Adam Sandler.
Como é voltado para o público infanto-juvenil, o filme em tela até tem uma
história criativa e promissora, além de excelentes efeitos especiais, mas falha um pouco em termos de sustos. Com isso, esta comédia de Halloween em
questão é uma produção mais criativa e divertida do que, de fato,
assustadora.
Na trama, Howard Gordon (Marlon Wayans, de “G.I. Joe – A Origem de Cobra”, 2009) é um professor de ciências que se muda com a família de Nova York para Bridge Hollow, uma cidade do interior mais segura – mesmo a contragosto da filha adolescente Sydney (Priah Ferguson, de “Stranger Things”, 2016-). Porém, para o horror de Howard, que odeia Halloween, a pequena cidade é extremamente apaixonada por esta data em questão, cujos habitantes adoram decorar suas casas e quintais com decorações específicas de Halloween.
Durante
a noite de Halloween, Sydney acidentalmente liberta a maldição de “Jack Pão
Duro”, um antigo espírito travesso e maligno que adora semear o caos, fazendo
com que todas as decorações de Dia das Bruxas ganhem vida e saiam pelas ruas
criando confusão na cidade e aterrorizando a população. Para evitar mais danos
e reverter a maldição, Sydney e seu pai devem correr pela cidade procurando uma
maneira de parar a maldição antes da meia-noite. Além de tudo, Howard tem que
lutar contra seus antigos medos interiores a respeito do Halloween, a fim de
poder salvar a cidade.
De fato, “A Maldição de Bridge Hollow” tem uma premissa criativa e divertida, com cenários macabros próprios de Halloween e excelentes efeitos especiais. Mas, somente isso, não são suficientes para fazer uma produção suficientemente assustadora e consistente – ainda que seja voltada para o público infanto-juvenil. Mesmo que tente ser divertida (com alguns poucos momentos realmente cômicos), a película entrega piadas constantemente repetidas e explicações excessivamente desnecessárias.
Com
roteiro de Todd Berger e Robert Rugan e direção de Jeff Wadlow (“Verdade ou
Desafio”, 2018), a produção perde muito tempo desenvolvendo a atmosfera
narrativa sobre o Halloween, ao passo em que, também, fica insistentemente
lembrando o telespectador de que Howard odeia essa data festiva, além de ser
uma pessoa completamente cética quanto aos elementos sobrenaturais. Essa repetição
constante desses mesmos argumentos ao longo de todo o filme torna a narrativa
extremamente cansativa e saturada. Com isso, sobra pouco espaço para mais
piadas engraçadas e cenas assustadoras.
Isso não quer dizer que o filme em tela seja totalmente sem graça. Realmente, há alguns momentos engraçados e divertidos, mas quase não se renovam porque a narrativa é tão travada com as mesmas piadas repetidas, que, praticamente, a produção não insere piadas novas dentro ao longo do tempo do longa. O roteiro de Todd Berger e Robert Rugan é por demais restrito e pobre em termos de argumentação narrativa para desenvolver esse tipo de temática, cujo objetivo maior seria criar momentos mais divertidos e com maior fluidez argumentativa – ou seja, criar mais piadas em vez de ficar repetindo sempre as mesmas; o que, infelizmente, não ocorre.
Assim,
o roteiro da dupla empaca demais, não conseguindo enriquecer mais seu conteúdo,
em termos de comédia. Isso restringe a abordagem de “A Maldição de Bridge
Hollow” com limites narrativos pequenos, entregando um enredo criativo, porém
extremamente superficial. A jornada de pai e filha correndo pela cidade para
descobrir como parar a maldição realmente funciona, mas o roteiro opta por
entregar somente o super básico, sem aquele divertimento assustador mais
profundo, já visto em outros filmes do gênero (e com classificação indicativa
condizente para o público infanto-juvenil); como, por exemplo: “A Família
Addams” (1991), “Os Caça-Fantasmas” (1984) e “Convenção das Bruxas” (1990).
Embora não seja muito assustador na premissa, “A Maldição de Bridge Hollow” tem excelentes efeitos especiais e fez um trabalho fantástico com as bruxas, zumbis, palhaços e demais decorações de Halloween apresentadas nos jardins dos moradores de Bridge Hollow. Não são decorações demoníacas altamente assustadoras, mas, certamente, é bastante divertido, criativo e inovador. Nessa questão, a produção se esforçou bastante para entregar um trabalho bem feito e satisfatório.
“A
Maldição de Bridge Hollow” também conta com um excelente elenco. Graças às
enormes habilidades cômicas de Marlon Wayans, o filme em tela rende alguns
momentos engraçados. Wayans tem um estilo próprio de fazer comédia, bastante
engraçado e que funciona muito bem. Priah Ferguson até que se esforça bastante
para entregar uma atuação ótima e convincente. A atriz se sai muito bem ao
interpretar uma adolescente frustrada e birrenta (por ter sido obrigada a mudar
de cidade e por querer celebrar o Halloween), mas ela não consegue ter a
oportunidade de se desenvolver e entregar mais do que o roteiro pede. O elenco
de apoio, por outro lado, é totalmente desperdiçado – servindo, apenas, como
piadas cômicas de alívio para a narrativa continuar se desenrolando sem perder
completamente a graça.
“A Maldição de Bridge Hollow” tem um elenco competente, enredo criativo e efeitos especiais excelentes. Sua história é leve e não liga de ser boba. E, de fato, a produção tem uma estrutura narrativa bastante inovadora e que chega a ser envolvente ao entregar uma história diferenciada sobre decorações assustadoras de Halloween ganhando vida e “aterrorizando” a população de uma cidade pequena. Além do mais, o enredo está recheado de referências especiais da cultura popular bem legais e interessantes.
Porém,
as limitações e falhas do roteiro não permitem que o filme em tela seja grandiosamente mais engraçado do que, de fato, se propõe. Em termos de comédia de
Halloween, a produção não é ousada o
bastante para desenvolver uma história que tenha muitos sustos em tela. O que é uma pena, pois “A Maldição de Bridge
Hollow” tinha todos os elementos narrativos necessários para ser a melhor
comédia de terror de Halloween de 2022, mas, embora seja criativa e até chega a divertir um pouco (pela premissa inovadora), escorrega bastante por ter piadas constantemente repetidas
e por não ser assustadora o suficiente.
“A Maldição de Bridge Hollow” está disponível na Netflix.
Nota: 7.0
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