A Netflix é conhecida por apostar em diversos estilos diferentes em seu catálogo: temos produções originais de vários países, assim como conteúdos de suspense, drama, comédia, entre outros gêneros, além de claro trazer projetos para todo o tipo de público, de todas as idades.

Um Marido Fiel é um suspense dinamarquês que traz uma história ousada, absurda, que consegue prender nossa atenção, mas abusa de clichês e exige muito da nossa descrença da realidade, mesmo sabendo que estamos assistindo um filme. 

Na trama, logo de cara, conhecemos o casal Leonora (Sonja Richter) e Christian (Dar Salim), que brigam durante a madrugada após o marido receber mensagens em seu celular. A partir daí, nos é mostrado que ele tem uma amante, a Xenia (Sus Wilkins). Após Christian conversar com a esposa e avisar que quer se divorciar, os dois entram em “guerra”, e tentam a todo custo prejudicar o outro, até o momento em que ele tenta matá-la, mas acaba assassinando uma mulher inocente. 

Desde sua primeira cena, o longa consegue atrair nossa atenção através da bonita fotografia e de sua premissa interessante. Conforme a história avança, o filme se perde em tentar construir uma história mirabolante, que tem a intenção de desafiar o espectador a descobrir o seu final, ou tentar ligar os pontos de como toda a audaciosa história do casal vai terminar. Mas para isso, o roteiro exige demais que o público vai aceitar, e achar plausível uma série de acontecimentos que, nem de longe, seriam possíveis de acontecer em uma história que busque o mínimo de realidade possível, mesmo estando dentro de uma obra de ficção. 


O roteiro da trama inicia em forma de narração, onde um dos detetives vai narrando a história desde seu início, começando pela primeira desconfiança que a Eleanora tem de Christian, até os momentos cruciais do final do filme. Conforme os acontecimentos avançam, o detetive é mostrado pontualmente contando tudo o que ocorreu. 

O elenco funciona de maneira eficiente, onde quem mais é exigida é a Sonja Richter, que interpreta Leonora. Como sua personagem precisa passar pelo drama, mistério e perigo, e atriz é competente e entrega o que sua personagem exige. O restante do elenco é operante, todos estão satisfatórios, mas ninguém se sobressai. A direção de Barbara Rothenborg é eficiente em conseguir dizer muito através das cores, junto com a Fotografia, citada no início desta crítica. Sempre com cores vivas, as cenas mais felizes acontecem sob tons brilhantes, e os momentos mais tensos também são ilustrados com uma iluminação mais baixa, sempre trazendo a sensação de tensão. 

O que mais incomoda no filme é o fato dele nos “exigir” uma suspensão da descrença em seus principais momentos, certamente deixando os espectadores mais exigentes incomodados. Os planos dos protagonistas são tão mirabolantes, que com o mínimo de noção, saberíamos que aquilo é impossível de acontecer, ainda mais dentro de um filme que não é de fantasia. Caso o projeto tivesse um roteiro mais pés no chão, conseguiria trazer um grande filme. Mas como isso infelizmente não acontece, nos é apresentado um projeto mediano. 

Um Marido fiel acerta em buscar uma trama mirabolante, cheia de reviravoltas e com um bom suspense, mas falha em abusar de conceitos batidos e um roteiro que abusa do absurdo e dos exageros narrativos.

Nota: 5,5

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