Terceiro episódio continua com uma produção e visual de brilhar os olhos, mas ainda não  encontrou personagens e narrativa a altura.

Arondir se torna prisioneiro. Galadriel e Halibrand exploram um reino lendário. Elendil recebe uma nova tarefa. Nori enfrenta as consequências.

Uma das franquias mais amadas e importantes da cultura pop sem dúvidas é “Senhor dos Anéis”. A saga de livros e universo rico de fantasia escrito por J. R. R. Tolkien já teve a brilhante e premiada trilogia de filmes produzidos pela Warner Bros. e dirigidos por Peter Jackson nos anos 2000, e uma trilogia de filmes do “Hobbit” que não foram tão bem sucedidos, mas que mesmo assim conquistou os corações do mundo inteiro. Visando um pedaço deste bolo, a Amazon Prime Video e seu dono, Jeff Bezos decidiram apostar na franquia e compraram os direitos para produzir a primeira série live-action da franquia, que se tornou a série mais cara da história da televisão, e tem um total de 5 temporadas planejadas para contar este grande épico que se passa diversos anos antes dos filmes.

Não sou um grande conhecedor do lore e todas as informações sobre a saga e todas as eras de Senhor dos Anéis, meu contato com a franquia fica só com os filmes feitos por Peter Jackson, que marcaram a minha infância e adolescência. Dito isso, um dos pontos que mais me incomoda na série até agora é a necessidade de usar diálogos expositivos extensos para explicar toda a lore e complexidade desse mundo, principalmente com a personagem Galadriel (Morfydd Clark), que parece ter só essa função na trama.

“O Senhor dos Anéis” sempre seguiu uma forma tradicional de contar as suas histórias, sendo a grande temática da saga a luta do bem contra o mal. Não que isso seja algo negativo, pelo contrário, eles sempre souberam desenvolver muito bem esse tema. A série obviamente segue o mesmo esquema, mas teve todo um trecho bonito e singelo sobre amizade e perder o medo de se aventurar e ajudar aqueles necessitados, como vemos no núcleo dos Pés Peludos.

Um ponto bem delicado que eu infelizmente preciso abordar são os diversos ataques que a série tem sofrido desde as primeiras imagens e trailers por parte dos fãs, envolvendo toda a diversidade e a “fidelidade” que está sendo colocada em tela. Mesmo não tendo lido os livros, é importante saber que como se trata de uma adaptação, nem tudo tem que ser transcrito 100% igual para as telas, e o importante é que a série pareça Senhor dos Anéis, e até o momento esse objetivo foi alcançado com sucesso. 

Como toda obra de seu tempo, as histórias de Tolkien não tinham ou se preocupavam em trazer diversidade, já que não era algo bem visto durante o começo e meio do século passado. Mas algo que a franquia prega é o amor e a luta contra o mal, mensagens tão bonitas que realmente fica difícil imaginar o autor nos dias de hoje irritado por ver a sua obra representando tantas pessoas diferentes pelo mundo. A série e o elenco obviamente não estão imunes a críticas, mas reclamar que a série traz elfos e hobbits negros e que isso é um demérito para a obra tem um nome bem claro.

O episódio continua simplesmente deslumbrante, ao ponto de encher os olhos. Os efeitos especiais, produção, armaduras, tecidos, maquiagem, armas, navios… Tudo tem uma escala gigantesca e épica que é inacreditável. Toda a sequência em que eles chegam na cidade de Númenor é arrepiante, com os grandes planos mostrando a cidade em meio às montanhas e oceanos, com as grandes construções e estátuas únicas. É uma forma de se contar uma história e construir um universo que funciona muito melhor do que 5 minutos de diálogos expositivos.

Já a direção do episódio fica por conta de  Wayne Che Yip (Patrulha do Destino, Hunters), que tem uma boa experiência na televisão e faz um trabalho bem competente, principalmente com cenas de ação bem filmadas e empolgantes (as lutas com as correntes!). Ele “emula” um pouco a direção de Jackson nas cenas com os longos shots aéreos mostrando as lindas (e caras) paisagens deste universo, que se misturam bem com a trilha sonora espetacular e arrepiante e espetacular de Bear McCreary (God of War, Fundação).

Tudo que envolve os pés peludos (que são basicamente os Hobbits) é uma das minhas coisas favoritas da série até o momento. Não só todo o visual é lindo (desde as roupas e designs), mas  a forma como vemos a cultura, costumes e a maneira como eles vivem é realmente muito legal e diferente do que estamos acostumados em séries desse gênero. O plot envolvendo Poppy (Megan Richards) e Elanor (Markella Kavanagh) com o homem misterioso que veio do cometa (Daniel Wyman) é de longe um dos elementos mais interessantes da série também (mesmo que nesse episódio pouco foi avançado).

A narrativa do episódio continua sendo mais lenta como nos episódios anteriores, construindo a história e os núcleos aos poucos. Alguns mistérios já estão sendo estabelecidos e o episódio termina com um gancho apresentando o possível grande vilão da temporada/série: Adar, que está liderando um exército de Orcs.

O terceiro episódio de “Os Anéis de Poder” mantém todas as características dos primeiros episódios, tanto para o bem quanto para o mal. Ela mantém o nível surreal de produção nunca antes visto na televisão, enquanto continua lentamente construindo este universo e personagens, que ainda não conseguem ser tão cativantes quanto uma série dessa magnitude pede. Mas mesmo assim continua sendo algo único que merece ser visto por todos aqueles que são fãs do gênero e que procuram uma série única e visualmente espetacular. 

Nota: 8

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