"Como Seria Se" não inova, mas conforta ao entregar uma história repleta de otimismo.

Quem nunca se viu refletindo sobre os "E se's" da vida, que atire a primeira pedra. Todos vivemos sobre a constante de que a vida é feita de escolhas, embora muitas vezes possamos ser assombrados por algumas delas e talvez as julguemos equivocadamente. O filme da crítica de hoje se aproveita dessa trama pra mandar uma mensagem bem positiva e mostrar que uma vida pautada de arrependimentos é perda de tempo.

Como Seria Se (Look Both Ways) é uma comédia romântica dramática dirigida pela queniana Wanuri Kahiu e escrita por April Prosser.  O filme foi lançado em 17 de agosto de 2022, na Netflix . 


Na história, Natalie (Lili Reinhart, Riverdale) está se formando pela Universidade do Texas e tem um plano de 5 anos mais do que estabelecido. Em uma noite de forma inesperada, ela e seu amigo Gabe (Danny Ramirez)  fazem sexo, com a certeza de que aquilo seria algo casual e que não deveria abalar a amizade dos dois. Semanas depois, na noite da formatura, Natalie se sente mal e com a assistência de sua melhor amiga Cara (Aisha Dee, The Bold Type), faz um teste de gravidez. A partir daí, somos guiados por duas histórias paralelas. Em uma delas o teste dá negativo, ao passo que na outra o resultado é positivo.  

Contar histórias distintas com os mesmos personagens e simultaneamente pode ser desafiador, ainda mais quando o tom de suas narrativas é semelhante. E nesse quesito temos alguns momentos que podem gerar certa confusão ao espectador que vez ou outra pode se questionar acerca de qual realidade está sendo tratada. Uma mudança mais marcante de cabelo e figurino poderiam ter sido recursos que ajudariam na identificação sem prejudicar a narrativa. Ainda assim, nada que atrapalhe significativamente a experiência.

Lili Reinhart acerta o tom da personagem e entrega uma mulher cativante e com personalidade, mas que é vulnerável e insegura, o que é um recheio importante para o contexto. Apesar de ser uma comédia, não espere risadas, a sensação aqui é mais de conforto e satisfação do que de risada propriamente dita. 

A interação das personagens de Lili e Aisha Dee funciona bem, uma pena ter sido pouco explorada. Além disso, os arcos apresentam alguns furos e aquelas conveniências típicas de roteiro. 
 
O grande acerto do longa está em sua mensagem positiva de que mesmo que o caminho não seja o esperado, nós somos capazes, sim, de alcançar a felicidade. Claro que devemos analisar criticamente e considerar que a protagonista, diferentes de tantas outras mulheres espalhadas por aí, tinha uma família que a deu assistência nos momentos mais difíceis e que facilitou MUITO a escrita dessas duas realidades alternativas. Que o filme, portanto, sirva de inspiração, mas que não seja visto como uma regra, pois não é.

A trama alerta também que mesmo seguindo planos e projetos à risca estamos fadados a passar por frustrações e desafios inesperados (que no arco do teste negativo, nem foram tão grandes assim para equipararem à jornada do teste positivo). A cereja do bolo está em deixar pra escanteio aquela ótica desgastada de alma gêmea e destino. Estamos abertos há várias possibilidades e a conhecer diferentes pessoas ao longo de nossa vida.

O longa está tendo uma ótima recepção do público e não é à toa. Mensagens otimistas são mais do que necessárias e bem-vindas. O filme passa a sensação de fluidez e, ainda que traga os clichês de sempre, entrega situações interessantes e consegue agradar. Disponível na Netflix.

Nota: 7,0

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