A série mais agridoce da Netflix começa a respirar por aparelhos. 

Que Virgin River tem público cativo, já sabemos. A prova disso está nos números. A série permanece no top 10 global desde sua estreia, até porque são anos acompanhando e se afeiçoando a seus personagens pra lá de carismáticos.

O show baseado nos livros de Robyn Carr conquistou espectadores do mundo inteiro apostando em uma receita simples, que é entregar um romance  bem novelesco, com pitadas de drama e humor, enquanto de pano de fundo temos um cenário de tirar o fôlego, daqueles que dá vontade de se teletransportar para o local.

Mas não dá mais pra negar os fatos. A história não tem se sustentado como em seu início. O enredo fraco dá sinais de esgotamento e pela primeira vez posso dizer que foi difícil terminar a quarta temporada, que reúne um total de 12 episódios.

Existem arcos demais e nenhum que impacte ou prenda atenção. Temos uma espécie de novelinha que se arrasta por cerca de 40 minutos e que no encerramento do episódio lança alguma situação inusitada ou de relevância. Vale dizer que o episódio seguinte muitas vezes não retoma o acontecimento ou até mesmo o soluciona de forma preguiçosa.

É como se faltasse coragem para a série sair da caixa. Quando a trama parecia que se aventuraria pelo lado mais sombrio e imperfeito de Jack (Martin Henderson), isso não perdurou mais do que alguns episódios e já retornou a uma zona de equilíbrio e segurança que não abalasse a posição de protagonista heroico.

De modo geral, a nova temporada gira mais uma vez em torno da relação entre Jack e Mel (Alexandra Breckenridge), pós descoberta da gravidez da enfermeira e com a dúvida acerca da paternidade do bebê. Somado a isso, temos ainda os traumas não tratados de Jack, que continuam a assombrá-lo, dessa vez o impulsionando pro vício no álcool e colocando em risco sua relação com Mel. 

O novo ano do show conta ainda com a entrada de alguns novos personagens. Entre eles, Cameron (Mark Ghanime), novo médico da clínica que surge na trama com o propósito de disputar o coração de Mel e ameaçar de alguma forma o relacionamento dela com Jack. Sabemos, entretanto, que isso é tão insustentável, que o personagem fica bastante deslocado na trama. Se a pretensão era criar um triângulo amoroso, faltou ousadia já que o romance entre Mel e Jack em nenhum momento se mostrou realmente abalado.

Outra adição foi a chegada do neto de Doc (Tin Matheson), Denny (Kay Bradbury), que traz consigo um plot que tenta parecer misterioso, mas que na verdade é extremamente previsível e insoso.

Hope (Annette O'Toole) está de volta após o afastamento da terceira temporada. Seu plot gira em torno dos impactos da perda de sua melhor amiga e na superação das lesões cerebrais. Os rumos de sua narrativa não agradaram, no entanto. A teimosia demasiada mais incomodou do que foi motivo de humor. Não digo que seja um erro de timing da atriz, apenas o resultado de um texto mal escrito e dirigido, que entregou mais do mesmo.

Brady (Ben Hollingsworth) e Brie (Zibby Allen) se consolidam como um casal e têm química de sobra. Contudo, a trama das drogas, que agora tira Calvin do topo de cadeia do crime local dando espaço para a entrada de mais uma nova personagem, não convence e é como se obstruísse a história com cada vez mais arcos enfadonhos.


Preacher (John Middleton) foi outro arco que procrastinou. Tudo de interessante com ele se concentrou nos últimos episódios da temporada, que já tinha pendências demais a serem resolvidas. 

A quarta temporada exibe o cansaço do plot e mostra que Virgin River deve sabiamente partir para um desfecho. A quinta temporada já foi confirmada e está em fase de filmagem, mas ainda não há um anúncio sobre ser a última. Torçamos para que a decisão sobre o futuro da série seja sábia!

Nota: 5,0

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