A nova animação da Pixar, Lightyear, tem o objetivo de retratar o filme que o Andy, de Toy Story, teria assistido nos cinemas quando era criança, justificando assim seu amor pelo brinquedo de Buzz Lightyear.
De início, o filme é bem instigante, apresentando diversos conceitos distintos que possuem uma sinergia entre si. Viagem no tempo; exploração espacial; formas de vida alienígenas; robôs assassinos, dentre outros não tão relevantes. Porém, o roteiro falha em explorar essas temáticas de modo mais profundo. Não sendo uma justificativa válida apenas o fato de seu público alvo ser mais infantil, já que dentro das próprias premissas simplificadas, muitas oportunidades deixam de ser aproveitadas e a própria Pixar, é um dos estúdios que melhor sabe aplicar conceitos em seus filmes, coisa que não vemos em Lightyear.
Em aspectos técnicos, a Pixar sempre entrega mais do que em sua última produção, e aqui não é diferente. O nível gráfico é impressionante, com takes que chegam a parecer um filme live action.
Um destaque que podemos fazer na dublagem brasileira é a interpretação de Marcos Mion, que assumiu o icônico papel de Guilherme Brigs, que previamente dublava Buzz Lightyear na franquia Toy Story. Ele dá um tom bem humano ao personagem e em nenhum momento você sente que a voz está destoante do personagem.
Porém com relação a personagens, o filme tem um grave problema, já que todos são extremamente genéricos, desinteressantes e previsíveis. Sendo o clássico incompetente bem humorado; o resmungão que sempre dá um jeito; e personagem aspirante a protagonista. Já Buzz, foge um pouco do estereótipo do “Herói salvador”, que realmente tenta ser em alguns momentos, porém falha miseravelmente.
O filme boa parte do tempo, se apoia na incompetência deles para fazer a história seguir e trazer momentos emocionantes. Mas essa tentativa de acelerar o ritmo do filme, onde algo sempre está dando errado, faz com que no final das contas, o desenrolar se torne extremamente previsível e cansativo.
A falta de carisma e tridimensionalidade, de todos os personagens, faz com que nenhum dos momentos tensos tenham impacto, já que não se criam laços suficientes pra que você se importe com os protagonistas.
A única exceção é o gato robô Sox, que realmente é muito legal e engraçado, protagonizando absolutamente todos os momentos divertidos e descontraídos do filme. É um personagem que contribui narrativamente, então não chega a ser um alívio cômico vazio.
Mas no fim, o pior personagem e o mais difícil de gostar do filme, acaba sendo o próprio Buzz, que na tentativa de trazer uma visão contraintuitiva da jornada do herói, que pensa que pode resolver tudo sozinho mas percebe que precisa da ajuda de outros, acaba tornando-o um personagem praticamente inútil, que fracassa em tudo que faz e tenta fazer. Posição essa que não faz sentido, com a premissa principal, de mostrar a história do herói de infância do Andy.
Em conclusão, Lightyear é um filme recheado de oportunidade perdidas, que decepciona por não ter entregado tudo que poderia, já que com o que foi apresentado, uma história e um arco muito mais profundo poderiam ter sido explorados. Por se apoiar totalmente no carisma de um gato robô, Lightyear pode ser considerado um dos trabalhos mais fracos da renomada Pixar.
Nota: 5,5
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