Série se supera com novo episódio extraordinário e cheio de surpresas
E é finalmente lançado o tão esperado Herogasm (Supersuruba, em tradução oficial), que contou com uma campanha de marketing intensiva da Amazon e do showrunner de The Boys, Eric Kripke, fazendo os fãs da série morrerem de antecipação (e medo) do que estava por vir. Como vão conseguir adaptar o arco tão excessivo em seus exageros, contando com todo tipo de perversão que só poderia ter saído da cabeça do sádico Garth Ennis? E finalmente temos a resposta.
Não é possível replicar o que o Ennis escreveu, e para alguns isso pode ser decepcionante, mas a série ainda consegue fazer algo fantástico e entrega um episódio que não se escora no grande evento esperado por todos, a orgia anual dos supers, mas que se sustenta com uma sequência de cenas e momentos que fazem a maioria das séries e filmes de heróis parecer sem graça em comparação.
Começando com a atração principal, o Herogasm em si ainda é impressionante em vários aspectos. Essa parte dura 15 minutos do episódio de uma hora, e isso pode ter decepcionado alguns que esperavam um episódio inteiro só sobre a orgia descontrolada. A duração mais contida ajuda a criar um contraste com o resto do episódio e faz com que a sequência não pareça repetitiva em muitas partes. Sem dar spoilers, o espectador pode esperar sim bastante momentos que proporcionam a bizarrice característica que a série ficou conhecida por ter, com gore, nus frontais e cenas desconfortáveis de se ver.
O episódio no entanto tem seu trunfo na maneira que desenvolve seus personagens e trabalha os diferentes núcleos da trama, fazendo com que o ritmo do episódio seja perfeito com uma estrutura que faz qualquer um ficar atento com o que está acontecendo na narrativa. O roteiro de Jessica Chou faz com que todos os núcleos sejam interessantes. Seja a busca de Billy Butcher, Hughie e Soldier Boy pelos membros restantes da Revanche, a união entre o Leitinho e a Luz Estrela pra parar o Soldier Boy de matar mais pessoas, o conflito do Francês e da Kimiko contra Nina e o Capitão Pátria se vendo derrotado em seu novo cargo como chefe da Vought, todo arco sem seu momento para brilhar e cada um adiciona algo novo para a narrativa.
As performances desse episódio também atingiram um novo nível, dessa vez com o Antony Starr dando tudo de si interpretando um Capitão Pátria a beira de ficar totalmente psicótico, com uma atuação de cair o queixo em algumas cenas na qual ele contracena consigo mesmo. Uma luta no final entre ele e mais três outros personagens muda tudo na série e espero que os próximos episódios lidem com isso de forma inesperada e nunca previsível. Jensen Ackles também merece ser elogiado, agora sim mais nuances do Soldier Boy foram mostradas e Ackles fez um trabalho excelente interpretando um canastrão com uma personalidade ambígua, não sabemos se seu personagem é tão mal quando todos os outros supers, apesar de ficar claro que ele é um babaca como a maioria.
Apesar disso tudo, o episódio ainda conta com alguns defeitos, mesmo que poucos. O arco do Trem Bala está parecendo bem anti-climático dando em conta o que acontece nesse episódio, mas mesmo assim o personagem proporciona dois momentos incríveis no episódio, um na qual ele confronta o Hughie e nos faz questionar se o pupilo do Billy Butcher não está se tornando que nem o mestre, e um na qual ele finalmente bate de frente com o Blue Hawk. Além disso, o episódio sofre com algumas conveniências de roteiro (como uma certa música russa tocar bem naquela hora, além de outras) e uns atalhos desnecessários (Billy Bruto consegue a localização de onde é o Herogasm sem nenhum desenvolvimento prévio). No entanto nenhum desses são erros abismais e podem ser perdoados.
Nota: 9,5
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