Nova temporada continua sangrenta, boba, engraçada, satírica e absurda, mas mantém a qualidade e o ótimo desenvolvimento de personagens e universo.
Depois de ter que esperar quase 2 anos, a Amazon Prime Video finalmente lançou os primeiros três episódios da aguardada 3ª Temporada de “The Boys”, série de maior sucesso do streaming extremamente aclamada pelos fãs, público e crítica. A série que adapta os quadrinhos de mesmo nome escritos por Garth Ennis (Preacher, Justiceiro) e desenhados por Darick Robertson (Batman, Hellblazer) tem produção da dupla Seth Rogen e Evan Goldberg (Invencível, Superbad: É Hoje) e Eric Kripke (Supernatural, O Pesadelo) como showrunner e principal roteirista.
A temporada já começa de forma hilária, com um filme paródia protagonizado pelos heróis da Vought com o objetivo de limpar a barra da empresa após os eventos da temporada passada (e ainda com uma brilhante participação especial de uma grande atriz famosa no papel de Tempesta), seguido de diversas piadas excelentes envolvendo a indústria cinematográfica, com direito a referências ao diretor Zack Snyder (Liga da Justiça, Batman vs Superman), o movimento #ReleaseTheSnyderCut e até mesmo as refilmagens extensivas que “Rogue One: Uma História Star Wars” sofreu.
Passando-se mais ou menos 1 ano após os eventos da 2ª Temporada, continuamos a acompanhar as aventuras de Hughie (Jack Quaid), Billy Bruto (Karl Urban) e seus amigos tentando desmascarar e acabar com a gigantesca empresa Vought, que comanda um império de super-heróis poderosos que fazem o que bem entendem. Eles no entanto conseguiram aprovar uma operação legal do governo para tentar fiscalizar e punir os heróis que saem da linha ou cometem algum delito, e tudo está funcionando perfeitamente (ou é isso que eles pensam).
A mente de Garth Ennis sempre foi tão questionável quanto brilhante, e “The Boys” é a prova viva disso. A série já apresentou cenas visualmente chocantes de deixar o seu queixo no chão, mas o primeiro episódio dessa nova temporada conseguiu ultrapassar várias barreiras. Sem entrar em spoilers, podemos dizer que eles viram as piadas constantes da internet na época de “Vingadores: Ultimato” onde alguns fãs brincavam que tudo que eles precisavam para derrotar o vilão Thanos era o Homem-Formiga adentrar em seu... orifício anal. E o resultado dessa cena é tão bizarro e surreal quanto se pode imaginar.
Um dos elementos que todos estavam mais ansiosos para esta nova temporada é a introdução dos novos personagens, principalmente a Condessa Escarlate, interpretada pela atriz Laurie Holden (The Americans, The Walking Dead), que é uma espécie de Feiticeira Escarlate que atuou na 2ª Guerra Mundial, e principalmente o Soldier Boy, interpretado pelo querido Jensen Ackles (Supernatural, Batman Contra o Capuz Vermelho), que é um análogo ao Capitão América. Embora os personagens não tenham tido quase nenhum destaque ou tempo de tela, Soldier Boy é um dos grandes pivôs da temporada, e promete ser uma versão completamente babaca e covarde do Capitão América.
Já o elenco regular dispensa elogios, com destaques para Karl Urban (Thor: Ragnarok), Jack Quaid (Pânico), Antony Starr (Banshee), Erin Moriarty (Herança de Sangue), Chace Crawford (Gossip Girl), Karen Fukuhara (Esquadrão Suicida), Tomer Capon (When Heroes Fly) e Laz Alonso (Pulando a Vassoura), sem falar nas participações especiais e rápidas de Giancarlo Esposito (Breaking Bad) e Simon Pegg (Missão Impossível: Efeito Fallout), que retornam também aos seus papéis das primeiras temporadas.
A direção e valor de produção da série também continuam mantendo o alto padrão das temporadas passadas. Enquanto os primeiros dois episódios tem direção de Philip Sgriccia (Supernatural, Hack), Julian Holmes (Demolidor, Perdidos no Espaço) dirigiu o terceiro episódio. Não só a série tem enquadramentos e cenas muito bem filmadas, como a sequência de ação (que mesmo sendo poucas) são excelentes, com destaque para o confronto entre Billy Bruto e o Polvora (Sean Patrick Flanery). Vale elogiar muito também o trabalho primoroso de maquiagem e efeitos especiais, que dá uma aula a certas empresas concorrentes de como mesclar essas duas técnicas.
O que sempre me chamou a atenção em “The Boys” nunca foi a violência ou a sátira que ela faz, mas sim a forma como ela adapta o mundo de super-heróis para o nosso mundo, o que é de certa forma até assustador. Toda a forma como a Vought manipula a opinião pública realmente não se importa com o que os heróis estão fazendo, apenas capitalizando da marca e usando para o bem próprio. O segundo e terceiro episódio ainda trazem um belo flerte com a ideia de algumas pessoas se relacionarem e admirarem os comportamentos mais “verdadeiros” do Capitão Pátria, o que é mais uma coisa que conseguimos assimilar muito bem com a nossa realidade.
O terceiro episódio se encerra deixando grandes ganchos, com os mistérios envolvendo o Soldier Boy e seu desaparecimento, as consequências que Bruto está sofrendo por ingerir a droga superpoderosa, o que acontecerá entre o Capitão Pátria e Starlight e principalmente quais são as reais intenções de Victória Neuman (Claudia Doumit).
Com um começo tão bom quanto as temporadas passadas, “The Boys” ainda é violento, engraçado e ácido como sempre, mas continua muito bem desenvolvendo seus personagens e universo, introduzindo novos núcleos, tramas e dramas muito intrigantes e construídos, e eu mal posso esperar para continuar vendo essa sangrenta e satírica jornada nos próximos episódios.
Nota: 8
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