Apesar das incríveis performances musicais, cinebiografia de Aretha Franklin tem medo de ousar e entrega um filme esquecível.
Ícone de gerações e lenda da música são singelas referências para Aretha Franklin. Também conhecida como a rainha do soul, a cantora que nasceu no dia 25 de março de 1942 em Memphis gravou sua primeira canção aos 14 anos e finalmente teve sua história contada nas telonas.
Respect é um drama biográfico dirigido por Liesl Tommy lançado nos Estados Unidos em 13 de agosto de 2021, após sucessivos adiamentos em razão da pandemia. Scott Bernstein e Harvey Mason Jr. assinam a produção, sendo o último um produtor musical e inclusive autor de canções que têm Franklin como intérprete. Tracey Scott Wilson é a responsável pelo roteiro do longa.
O filme segue a história de Aretha Franklin (Jennifer Hudson, Skye Dakota Turner) desde sua infância. Filha de pais separados, sendo o pai o reverendo C.L. Franklin (Forest Whitaker), ainda pequena ela começou a cantar na igreja onde ele ministrava e logo gravou seu primeiro CD recebendo integralmente o apoio dele. O roteiro explora desde a perda de sua mãe, que ocorreu quando ainda era criança, até os abusos e violência que sofreu ao longo da vida mas, especialmente, sua carreira.
Já na fase adulta, Aretha é interpretada pela incrível cantora e atriz Jennifer Hudson. Ouvir o repertório de Aretha Franklin e saber como sua carreira musical decolou são já motivos suficientes para nos fazer assistir o longa. Portanto, fique tranquilo, pois estão garantidas performances incríveis de Amazing Grace”, além de clássicos como “Natural Woman”, “I Say a Little Prayer” e “Respect”. Contudo, o ritmo do filme é arrastado e algumas escolhas narrativas não foram das melhores, como mencionarei a seguir.
Apesar da emblemática história, incomoda o fato de que o filme parece não querer se arriscar nas pautas mais polêmicas. A trama traz a pauta racial quase que como menção apenas, ao falar da proximidade da cantora com Martin Luther King (Gilbert Glenn Brown). E a superficialidade não se atém a isso. O distanciamento do pai em determinada fase de sua vida, o casamento tóxico e abusivo com Ted White (Marlon Wayans) e a dependência do álcool apesar de serem abordados, são fatos apresentados com cautela demais, como se houvesse um medo velado de expor as feridas reais da protagonista. A maternidade é outra área da vida de Aretha que passa como relance na tela.
Jennifer Hudson encarna com precisão os trejeitos e voz de Aretha, mas em um roteiro com cronologia não favorável e que teme ousar, infelizmente isso não é suficiente. Respect não faz jus a artista memorável que foi Aretha e não se firma como uma cinebiografia marcante.
Você encontra o longametragem disponível no Amazon Prime Video.
Nota: 6,5
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