A Segunda Guerra Mundial é um tema extremamente amplo e já foi explorado em diversas produções cinematográficas. Foi um período repleto de ocasiões que serviram de inspiração para vários filmes, com diferentes abordagens narrativas e gêneros. Partindo dos clássicos, tais como “O Resgate do Soldado Ryan” (1998), “A Lista de Schindler” (1993), “Até o Último Homem” (2016), passando por “Império do Sol” (1987), “Midway – Batalha em Alto Mar” (2019), “Operação Valquíria” (2008), chegando em filmes não tão conhecidos assim, como “Uma Luz na Escuridão” (1992), “A Espiã” (2006) e “Contratadas Para Matar” (2008).

Não faltam temas retratados sobre a Segunda Guerra Mundial. O que muda é a forma como vai ser explorado. Graças a isso, a indústria cinematográfica vem diversificando cada vez mais a respeito da forma como vai abordar determinado filme que vai produzir. E, com “O Soldado Que Não Existiu”, não poderia ser diferente. O longa em tela foi lançado na Netflix no dia 11 de maio e apresenta uma história real sobre um caso bastante inusitado e praticamente desconhecido, ocorrido na década de 1940, envolvendo um ardiloso plano do governo inglês para despistar e enganar os nazistas.

Durante o período mais tenso da Segunda Guerra Mundial, em 1943, os Aliados estão planejando um ataque na Sicília, mas enfrentam um desafio praticamente impossível: proteger as forças invasoras de um massacre. Para isso, Ewen Montagu (Colin Firth, de “O Discurso do Rei”, 2010), um juiz, espião e oficial da inteligência naval da Inglaterra, planejou e executou a Operação Mincemeat, juntamente com Charles Cholmondeley (Matthew Macfadyen, de “Orgulho e Preconceito”, 2005).

Tentando acabar com o domínio nazista na Europa, os dois agentes do serviço secreto do Reino Unido criam uma estratégia genial e bizarra de desinformação para enganar os nazistas. Na esperança de mudar o curso da Segunda Guerra Mundial e salvar milhares de vidas, eles executam um plano criativo e ousado ao utilizar um cadáver e documentos falsos para enganar as tropas alemãs.

Dirigido por John Madden (de “Armas na Mesa”, 2016) e com o roteiro de Michelle Ashford (de “The Pacific”, 2010), “O Soldado Que Não Existiu” é uma adaptação do livro homônimo, escrito por Ben Bacintyre, que conta um incrível e interessante caso real de espionagem da inteligência britânica que planejou uma das operações de despistamento mais ardilosas da história de guerra. O foco principal abordado na produção se centraliza na batalha dos Aliados para tentar derrubar a aliança formada entre Alemanha, Itália e Japão, conhecida como Eixo do Mal. Assim, tal como mostrado no longa, a solução encontrada pelos Aliados para enfraquecer e enganar o Alto Comando alemão foi criar e executar um plano aparentemente absurdo, mas com um grande potencial para dar certo, com intuito de desviar a atenção dos inimigos com informações falsas acerca de uma suposta invasão à Grécia.

E o interessante da trama é todo o planejamento e criação da história sobre uma pessoa a serviço dos Aliados que antecedeu a execução, de fato, desse plano. Todo o trabalho que a inteligência britânica teve ao bolar uma história fictícia na pré-execução levou cerca de 6 meses para ser planejada, com o objetivo de fazer parecer o mais real e convincente possível.

Essa estratégia de desinformação criada pela inteligência britânica foi planejada para despistar os nazistas acerca de alguns fatos inventados para que os Aliados pudessem esconder o real objetivo de sua missão, que seria a Invasão à Sicília. E, para isso, os Aliados precisavam usar um cadáver em posse de documentos e informações falsas, porém vestindo um uniforme real e com alguns objetos que corroborasse a história fictícia criada para que os nazistas o encontrassem e acreditassem na falsa invasão à Grécia. Isso se deu pelo fato do cadáver ser jogado em território inimigo para que fosse propositalmente encontrado.

A produção conta com um excelente elenco. Colin Firth entrega uma atuação impecável no personagem principal do oficial que elabora e executa o ardiloso plano em questão. Destaque para Jason Isaacs (de “Harry Potter e a Câmara Secreta”, 2002), que também faz uma brilhante atuação, como o Almirante John Godfrey.

Por mais impressionante e inacreditável que o enredo possa parecer, a trama é verídica e baseada em um momento crítico na história da Segunda Guerra Mundial, que auxiliou os Aliados a superarem uma batalha importante em 1943. Tal estratégia foi uma jogada arriscada e preocupante, pois não havia garantias de sucesso, obrigando a inteligência britânica a bolar um plano tão detalhista tanto quanto meticuloso; além de contar com uma certa sorte para que houvesse êxito.

O Soldado Que Não Existiu” é um ótimo exemplo de filme que mostra como uma farsa muito bem elaborada pela inteligência britânica salvou milhares de vidas em um momento crítico da Segunda Guerra Mundial. Com certeza, o planejamento e execução de tal operação de desinformação fez com que o episódio se tornasse bastante peculiar e impressionante, beirando o inacreditável. Foi um plano arriscado e sem garantias de sucesso, sendo retratadas no filme em tela de forma sutil e se desenrolando como uma história de espionagem.

Com isso, o desenvolvimento do longa se faz como um drama de guerra, mostrando uma abordagem mais estratégica entre os oficiais de comando, que procuravam soluções militares para melhor vencer o inimigo. Nesse diapasão, a película pode não agradar muito os fãs de filmes de guerra que procuram especificamente cenas de ação, com soldados na frente de batalha; pois não é esta a proposta do longa em questão.

Desta forma, é uma pena que tais produções, como “O Soldado Que Não Existiu”, não ganhem tanto destaque assim. É uma abordagem mais dramática e, portanto, menos chamativa, sobre um capítulo importante da história da Segunda Guerra Mundial; mas que tem um roteiro interessante e absurdamente incrível. Infelizmente, o gênero de drama de guerra não chama tanto a atenção assim; apesar deste filme abordar uma história interessante e desconhecida.

O Soldado Que Não Existiu” está disponível na Netflix.

Nota: 8.5

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