"The Morning Show" entrega uma segunda temporada bagunçada, que se sustenta em seu excelente elenco.

Após o sucesso de sua primeira temporada lançada em 2019, que rendeu à Jennifer Aniston o prêmio de melhor atriz pelo sindicato dos atores e várias indicações à série, em 2021 tivemos a segunda temporada de The Morning Show lançada pela Apple TV+ no dia 24 de setembro e mais uma excelente sequência de indicações aos principais prêmios da temporada, que talvez inclusive garanta a renovação da série. 

Inspirada no livro Top of the Morning: Inside the Cutthroat World of Morning TV, do jornalista Brian Stelter, a série dramática de Jay Carson, que conta com direção de Mimi Leder, teve sua estreia adiada pela pandemia e seu roteiro adaptado para essa nova realidade global, como veremos a seguir.

Na nova temporada acompanhamos o Morning Show seguindo em frente com a apresentação de Bradley Jackson (Reese Whiterspoon) e um novo âncora, mas longe de atingir a audiência dos seus tempos de glória. Após o escândalo sexual envolvendo seu amigo e parceiro de bancada Mitch Kessler (Steve Carell), Alex Levy se afasta dos holofotes e começa a escrever sua biografia. Ela só não esperava, que outra pessoa estivesse prestes a lançar um livro que fosse falar dos bastidores do programa, incluindo sua vida pessoal e seus segredos mais obscuros.

É a partir daí que a série tem vários desdobramentos, enquanto de pano de fundo assistimos o início da pandemia e como  os veículos de comunicação se comportaram na época. É de fato impactante rever o começo de tudo e como ainda não entendíamos a proporção e as consequências que estariam por vir. 

A cultura do cancelamento é um dos assuntos centrais da nova temporada, o que torna a trama super atual e necessária. Inicialmente a temática é desencadeada por Yanko (Nestor Carbonell), porém de forma bem sutil, já que depois é como se o personagem tivesse sido esquecido da série haja vista que fica completamente subutilizado. Mais a frente, acompanhamos Mitch tentando se recompor do cancelamento após o escândalo do abuso, Bradley buscando lidar com sua vida amorosa e familiar com o risco de ser exposta e Alex em constante temor pela publicação do livro.

Na ótica de Bradley temos a relação familiar dela bem mais explorada nessa temporada e contamos com o acréscimo de alguns personagens importantes, entre eles Laura Peterson, interpretada pela lendária Julianna Margulies, que foi sem dúvida uma adição de peso à série. Sua relação com Bradley é, sem dúvida, uma das narrativas que mais funciona ao longo dos dez episódios. Uma pena que no terço final da temporada é como se a história de Bradley estivesse deslocada do contexto geral. Na verdade, o terço final da série é uma verdadeira bagunça. Tanto que o final desaponta, ficando a dever pela falta de uma crescente.

Os dilemas corporativos como sempre continuam, com Cory (Billy Crudup) em sua linha de frente, mas é como se eles girassem em círculos. Atrelado à pandemia, a série tenta evocar outros temas relevantes, como xenofobia, mas de uma forma apressada e, portanto, quase frustrante, através da personagem Stella (Greta Lee), nova na temporada. Temos também o tema racismo, evocado pelos personagens Mia Jordan (Karen Pittman) e Daniel (Desean Terry), mas novamente a sensação é de que a pauta foi apenas jogada. Com tantos problemas em seu roteiro, vale a pena assistir The Morning Show? SIM!

O elenco de The Morning Show é simplesmente fantástico. Novamente Jennifer Aniston se apropria de sua personagem e entrega um resultado incrível. Ela faz valer cada minuto. Reese, ainda que com menos destaque, entrega momentos únicos, entre eles um onde sua personagem contracena com o irmão, de uma forma simplesmente visceral e emocionante, mostrando o lado mais vulnerável de Bradley. Steve Carel, na pele de Mitch, faz com que repensemos a cultura do cancelamento e nos leva à reflexão sobre a capacidade de perdoarmos e acreditarmos na mudança das pessoas, por pior que elas sejam.

A temporada, portanto, garantiu sim momentos marcantes, apesar do sair dos trilhos incomodar um pouco. Ainda que inferior à primeira, a série concorre ao prêmio de melhor série dramática do ano. Agora é esperar sua renovação pela Apple TV+ para termos o desfecho merecido para a história. 

Nota: 7,0



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