Baseado em uma história real, o drama dirigido por Ridley Scott tem em seu elenco estelar sua maior virtude, mas desliza nos focos em que a narrativa ganha durante sua longa duração. 

É importante ressaltar que o filme é uma adaptação do livro de mesmo nome, escrito por Sara Gay Forden.

Patrizia Reggiane (Lady Gaga) é uma jovem que conhece e se apaixona por Maurizio Gucci (Adam Driver), o herdeiro da famosa empresa Gucci. 

Com um início ágil, o filme quase não perde tempo em estabelecer pontos importantes para a trama: o complicado relacionamento entre os membros da família Gucci. Logo de cara, nos é apresentado Rodolfo Gucci (Jeremy Irons), pai de Maurizio. Amargurado, o personagem é altamente relevante para o primeiro ato da produção, onde é estabelecido que ele não aprova o relacionamento do casal protagonista, e é amargurado por diversos acontecimentos em sua vida. 

Poucos minutos depois, Aldo Gucci (Al Pacino) aparece e rouba quase todas as cenas para si. Um dos melhores atores de todos os tempos, ele ganha destaque com o carisma de seu personagem, que inicialmente não é tão “carregado” quanto os outros membros da família. Conforme a trama avança, seu personagem também cai nos dramas e problemas da família.

Jared Leto interpreta talvez o personagem mais polêmico do filme, Paolo Gucci. Com uma caracterização bem peculiar, ele dá vida a um personagem que não é levado a sério na sua família, e isso traz uma boa dramaticidade a ele, e o Leto consegue entregar isso, já que é um ator competente. Os lados negativos de seu personagem realmente fica por conta do exagero que é imposto a ele, desde sua atuação, e principalmente sua caracterização. Conforme a produção avança, fica a sensação de que erraram bastante a mão na composição do Paolo Gucci. 

O maior atrativo fica por conta de Lady Gaga, que traz a melhor atuação do filme. Inegavelmente, ela tem uma enorme presença em tela, com enorme carisma e competente em trazer os momentos mais dramáticos de sua personagem. Em certos momentos ela se sobressai com muita facilidade em relação a Adam Driver, que é um excelente ator. O astro é competente, mas deixa a sensação de estar deslocado em diversos momentos na trama.

O maior defeito de Casa Gucci é não ter um foco definido em sua narrativa. O filme aborda a relação de Patrizia e Maurizio, a briga de poder da família, os escândalos envolvendo a administração da empresa, entre outros temas. Porém, não fica claro qual é o foco do roteiro de Becky Johnston e Roberto Bentivegna. A sensação que fica clara ao final é de que seria muito mais interessante se esse projeto fosse uma série, com mais tempo para trabalhar todos esses elementos que acabam sendo apenas jogados em tela aqui. 

É importante ressaltar que o filme não é necessariamente ruim. O diretor Ridley Scott sabe filmar, traz ótimas cenas e trabalha bem seu elenco. O grande problema é não ter um foco narrativo definido, e flertar com diversos seguimentos, e nunca se aprofundar em nenhum.

Casa Gucci chama a atenção pelo elenco estelar e por trazer uma história real, mas peca em abordar tantos assuntos importantes, ideia que funcionaria melhor em uma série.

Nota: 5,5

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