"Friends: The Reunion" celebra de forma divertida e tocante o consagrado sitcom que marcou gerações.


Os números não mentem. Mesmo tendo encerrado sua exibição em maio de 2004, após dez temporadas, Friends continua sendo um sucesso absoluto de audiência. Enquanto esteve no catálogo Netflix, a comédia permanecia frequentemente no Top 10 de vários países, assim como agora, chegando ao HBO Max, é anunciado como sendo um dos seus carros chefes. A série foi traduzida pra mais de 16 línguas e exibida em mais de 200 territórios. Tá pouco ou quer mais? O sitcom americano, criado por David Crane e Marta Kauffman, já foi assistido mais de 100 bilhões de vezes, considerando todos os streamings pelo qual passou.

Essas marcas tem sua razão de ser. Por dez anos a série contou a história de seis amigos de uma forma carismática, despretensiosa e rapidamente virou uma febre, que aparentemente não passou, como percebemos com o anúncio do especial.

Há anos, o público expressa o desejo de um “revival” de Friends. Quando isso aconteceu com outra série de sucesso da mesma geração, Sex and The City (1998), que aliás não deu muito certo, muito especulou-se sobre a possibilidade de um filme ou alguns episódios especiais para matar a saudade dos fãs fiéis e quem sabe revelar como estariam os personagens tão queridos pelo público nos dias de hoje. O reencontro não saiu exatamente com essa fórmula tão sonhada, embora nem por isso tenha sido menos marcante. Eis que fomos, portanto, surpreendidos com Friends: The Reunion e suas cerca de 1 hora e 40 minutos de duração.

A reunião traz todos os seis protagonistas: Jennifer Aniston (Rachel), Courteney Cox (Monica), Lisa Kudrow (Phoebe), Matt LeBlanc (Joe), Matthew Perry (Chandler) e David Schwimmer (Ross) num encontro roteirizado recheado de várias participações especiais. 

SPOILER ALERT

Temos um pouco de tudo nesse reencontro. A princípio, os atores são levados às locações, nos estúdios da Warner Bross e é simplesmente emocionante acompanhar os seis se revendo e observando cada parte do cenário icônico, enquanto relembram várias cenas hilárias que ali aconteceram. Enquanto acompanhamos, flashbacks são cuidadosamente inseridos, revivendo em nós as memórias de cada situação juntamente com os protagonistas.

Os seis astros também são levados a um momento de entrevista, num palco montado a frente da fonte da famosa abertura, onde estão juntos a um público seleto. O apresentador e mediador do bate papo não podia ser melhor. James Corden, além de ator, é conhecido nos Estados Unidos por apresentar um talk show super bem humorado e o famoso quadro Carpool Karaoke. Além de visivelmente fã da série, ele soube conduzir de forma divertida as perguntas e instigar as melhores respostas possíveis, de uma forma descontraída e natural. Ressalto que ele conseguiu extrair uma supeeeer revelação (mas essa eu vou deixar pra você conferir quando assistir!).

Quando você pensa no formato entrevista pode ficar desapontado, afinal Oprah já tinha feito algo similar. E por isso deve se perguntar: é mais do mesmo? Eu te respondo: não. O fato desse encontro ser roteirizado pesou muito e fez toda a diferença, pois permitiu que nada marcante ficasse de fora, para a felicidade dos fãs, e ainda assim manteve uma naturalidade fundamental.

Um dos ápices do especial é o momento em que eles revivem de certa forma seus personagens, inspirados no jogo que ficou famoso em um dos episódios mais épicos da série (aquele onde Monica e Rachel perdem o apartamento para Chandler e Joey). Dessa vez, entretanto, eles jogam com perguntas inéditas e nos fazem relembrar os jargões e comportamentos dos quais tanto sentimos falta. Outro ponto diferenciado de tudo o que já vimos, foi a releitura que eles fazem de algumas cenas famosas. Assistimos desde Lisa interpretando mais uma vez Phoebe, quando ela descobre que Monica e Chandler estão juntos, até a consagrada cena de primeiro beijo entre Ross e Rachel.

Com a reverberação do especial, muito se falou da série e sobre o quanto ela não seria aceita nos dias de hoje, principalmente pelo fato de ter um elenco de frente 100% branco, hetero e por fazer piadas de cunho homofóbico, entre outras coisas. Acredito realmente que se houvesse um reboot de Friends, certamente a série exigiria uma cara completamente diferente e com um pensamento adequado aos dias atuais, com muito mais representatividade e cautela no tratamento de certas pautas. O fato é que se analisarmos a nós mesmos na época em que a série foi concebida, provavelmente perceberemos que sofríamos dessas mesmas falhas. E assim como muitos de nós evoluíram, acredito realmente que esses personagens teriam evoluído no decorrer do tempo,  porque uma coisa que eles sempre nos passaram foi uma bondade genuína.

Partindo dessa premissa, uma parte bem interessante do especial está nos depoimentos de fãs do mundo todo falando o quanto Friends foi importante na superação de momentos difíceis de suas vidas, assim como temos também depoimentos de artistas, entre eles Lady Gaga, ressaltando como a série afetou positivamente muitas pessoas.

Os criadores deram vários depoimentos curiosos, inéditos, assim como mostraram bastidores nunca vistos e realmente percebemos que a fórmula do sucesso do sitcom residiu no fato de não existir um protagonista central. Todos tinham suas histórias e eram igualmente necessários para o desenvolvimento da trama e isso fez com que nós telespectadores de certa forma nos sentíssemos parte daquele grupo.

É claro que fica aquela mágoa: mas por que eles não gravaram um episódio? Aí eu te pergunto: Será mesmo que seria bom mexer com algo que acabou consagrado? No topo?

Como nada é impecável, existem alguns excessos no especial. Algumas participações foram interessantes, contudo pareceram de certa forma deslocadas do roteiro em geral. Outras, por sua vez, pouquíssimo agregaram, parecendo realmente ser apenas um nome pra chamar atenção, como Justin Bieber, por exemplo.

Que fique claro, é um especial para os que amam Friends. Se você não assistiu ainda, assista, se emocione, ria com Janice gritando "OH MY GOD", Phoebe cantando o single mais famoso de todos os tempos "Smely Cat". 

Essa celebração é daquelas que nos faz sentir saudades do passado e, mesmo com algumas inconsistências vale DEZ, SIM, por tudo que representou a todos nós fãs!

 

Nota: 10,0

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