Despretensioso, o capítulo final da história de Lara Jean entrega exatamente o que vinha construindo em seus filmes anteriores e finaliza o ciclo de maneira satisfatória.
Quando Para Todos os Garotos que Já Amei chegou ao catálogo da Netflix em 2018, o sucesso fora instantâneo. Ora, não é de se admirar: a adaptação dos livros de Jenny Han possuía a receita certa para um fenômeno juvenil que inclui romances açucarados e um bom drama.
Após uma decaída no segundo filme (P.S.: Ainda amo você, de 2020), o diretor Michael Fimognari conseguiu uma retomada ao captar a essência do que fez o original ter gerado tanta comoção: a suavidade da história de Lara Jean (Lana Condor) - em oposição a outro queridinho da Netflix, A Barraca do Beijo. A protagonista de Han representa perfeitamente o auspício da juventude, a persona sonhadora e, por vezes, ingênua.
Curiosamente, não existe qualquer menção aos eventos do longa anterior, como o simpático personagem de Jordan Fisher. Se por um lado é triste não termos mais de John Ambrose, a decisão evidencia-se como assertiva e permite um novo longa mais direto; Contudo, existe uma clara dificuldade em construir o ritmo da produção em seus minutos iniciais. É necessária uma dose de boa vontade por parte do telespectador para assistir quase duas horas de uma adolescente em crise no namoro. Felizmente, esse ritmo é recuperado mais para a metade. Mas é sempre válido ressaltar que não importa o quanto abusem de fórmulas batidas, um bom clichê é pautado em seus protagonistas carismáticos.
Em Para Todos os Garotos: Agora e Para Sempre, Lara Jean precisa lidar com o entrave entre seguir os seus sonhos e ficar com o seu namorado, Peter Kavinsky (Noah Centineo, competente, mas sem sair da sua zona de conforto). Acontece que ela não foi aprovada em Stanford como o casal almejava (beijos nos intervalos, será?) e acabou se encantando com a Universidade de New York - "apenas" 5 mil km de distância de seu amado. Agora, ela precisa decidir qual será o seu futuro. E, bem, é isso.
Não entenda mal, pois toda a trilogia fora construída justamente na ideia do romance adolescente perfeito e o filme entrega o que promete. Novamente, somos bombardeados com cenas fofas de um casal insuportavelmente romântico e situações, no mínimo, irreais. Além disso, existe todo um cuidado por parte da equipe técnica em construir detalhes delicados na produção, com ambientes que lembram a figura de sua estrela principal, seja no casamento de seu pai ou no boliche à dois. No mais, temos uma trilha sonora inconsistente que pouco aproveita de suas batidas pop.
Sob o viés das novidades, notamos o amadurecimento da personagem de Condor. Afinal, a passagem do Ensino Médio para o Superior é sim bastante estressante. Agora, tente conciliar isso com um relacionamento. O resultado não poderia ser outro: duvidas e dor de cabeça. Dessa maneira, as ações de Lara Jean são justificadas, ainda mais levando em conta sua personalidade. E não apenas nesse ponto, mas também no que concerne a sua sexualidade, insegurança e autoconhecimento.
No novo longa, as irmãs Kitty (felizmente, seu timing cômico manteve-se agradável durante toda a trilogia) e Margot recebem algumas cenas a mais, embora nada que realmente permita um desenvolvimento sólido. Além disso, o pai das três consolida seu casamento com Trina e a melhor amiga de Lara, Chris, encontra também o amor. Quer dizer, estamos diante de um típico felizes para sempre (ou apenas o início de um, como frisa a nossa protagonista) e não existe nada de errado nisso.
Em suma, como um todo, a trilogia de Para Todos Garotos se encerra agradavelmente, deixando uma certeza de que todo clichê é válido e bem-vindo quando se é capaz de criar laços entre o personagem e um telespectador em busca de algo que fuja de uma realidade não tão colorida como o mundo de Lara Jean.
Nota: 7,5 / 10
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