Filme de catástrofe estrelado por Gerard Butler e Morena Baccarin é surpreendentemente bom.

Após o sucesso de '300', a carreira de Gerard Butler nunca mais foi a mesma, pois todos os estúdios de Hollywood queiram o ator estrelando suas franquias de ação, deixando-o num certo marasmo interpretativo. Nos últimos anos, ele protagonizou diversos filmes de ação e alguns do gênero de catástrofe, mas nenhum deles foi tão legal quanto 'Destruição Final: O Último Refúgio'.

Apesar do título brasileiro genérico, a produção é um das poucas no gênero catástrofe a entregar uma aventura muito divertida para o público sendo bem básica, mas com consciência disso. O longa dirigido por Ric Roman Waugh (Invasão ao Serviço Secreto) aposta numa estrutura básica de roteiro que tem seus defeitos, contudo entende o que essa história exige em termos narrativos e entrega isso com destreza.

O elemento humano é figurinha carimbada em produções assim e aqui não é diferente. John Garrit (Gerard Butler) e sua esposa Alisson (Morena Baccarin) são o coração do filme e funcionam como um elemento de empatia para que a audiência sinta-se imersa na história. Ambos os personagens tem um filho chamado Nathan (Roger Dale Floyd) e passam por dificuldades no casamento, mas tudo isso torna-se secundário quando um cometa gigante ameaça destruir toda a vida no planeta.

A partir dessa premissa, o roteiro de Chris Sparling pega esses personagens e os coloca em situações de tensão e perigo constantes. O interessante nisso é que ao invés de trabalhar com aquele clichê de família sobrevivendo ao apocalipse junta, ele divide os personagens em dois núcleos fazendo com que cada um tenha sua própria jornada e nos apresente ao caos em que o mundo se encontra.

Ainda que certas situações sejam forçadas pelo texto a fim de manter a trama andando, a direção consegue desenvolver um clima de tensão constante que deixa o público indagando quais serão as próximas desgraças a atingirem o casal. As cenas são dotadas de uma cinematografia bem rústica, o diretor usa muito a câmera na mão e a movimenta de modo errático para fazer referência à situação da desorientação dos personagens. Há muitos closes no rosto dos atores para captar o horror deles para com as situações que os personagens vivenciam na narrativa e as atuações são muito boas.

Gerard Butler faz o típico pai de família de subúrbio norte-americano que deseja reconectar-se com a esposa e filho, após problemas sérios no casamento. Não é um grande personagem em termos criativos, mas funciona para o propósito da trama e Butler entrega tudo que é exigido dele. Ele tem um olhar penetrante que diz muito até quando não quer e sabe ser convincente nas cenas mais dramáticas. A fiscalidade dele não é muito o foco aqui, mas quando é exigida, não decepciona.

Morena Baccarin é outra que brilha na trama, pois sua personagem é talvez a mais simpática por sua jornada árdua para garantir a segurança do filho. Inicialmente, ela começa o filme um pouco apagada, mas comforme a história avança, a atriz consegue entregar boas cenas dramáticas e a personagem torna-se mais segura de si.

Um ponto que devo ressaltar é o modo inteligente com o qual o roteiro faz exposição. Em filmes assim, há sempre a figura de um cientista espertalhão que sabe tudo sobre como certo evento vai acontecer e aqui não existe isso, os personagens se informam pela mídia (rádio, televisão e internet). Tal decisão deixa as coisas mais imprevisíveis, pois não sabe-se quando as informações podem mudar ou se estão sendo reportadas corretamente, aumentando o estado de tensão na trama.

A relação abalada do casal é guardada para ser desenvolvida nas pausas que a narrativa faz para deixar o público respirar um pouco após tanta desgraça. É dito apenas o suficiente para que as pessoas entendam os dilemas de John e Alisson, mas não há necessidade de um dramalhão, tudo é muito contido e respeitoso. A química de Butler e Baccarin ajuda a vender bem a ideia de que ambos são um casal, os diálogos são bem honestos nesse sentido.

Os efeitos visuais do filme não são os melhores do ramo, mas são bons o suficiente para convencer o espectador de que aquilo é minimamente real. Algo que devo reclamar é a falta de cenas mais esteticamente apuradas nas partes envolvendo o cometa, o tom rústico que elogiei em momentos mais íntimos, não funciona em tais cenas, deixando a produção com uma estética amadora.

A trilha sonora é bem genérica, não há muito o que falar dela, os temas são básicos e funcionam bem nas cenas, porém não há nada de muito destaque. A qualidade da cinematografia é oscilante, funciona em cenas menores, mas quando é exigida em maior escala, decepciona pela artificialidade.

'Destruição Final: O Último Refúgio' pode não ser o melhor filme da sua vida, mas é divertido o suficiente para uma assistida descompromissada no final de semana.

Nota: 6,5

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