As risadas continuam na Terra dos Sonhos, mas o ritmo do roteiro deixa a desejar.
Criada por Matt Groening (o mesmo de The Simpsons e Futurama), (Des)encanto chegou ao catálogo da Netflix em 2018 e tornou-se um sucesso imediato por conta do seu tom irreverente e o potencial a ser explorado. Agora, no entanto, com o lançamento da 3ª parte no dia 15 de janeiro, a série começa a dar sinais de queda.
O novo ano começa logo após os eventos da parte 2, com Bean, Luci e o Elfo sendo salvos por Dagmar. A esperança reside no aprofundamento, enfim, das verdadeiras intenções da misteriosa mãe de Bean. Contudo, elas continuam escassas e, sinceramente, irrelevantes para o desenrolar da trama. A sensação que fica é a de que serviu como mera conveniência de roteiro ou para introduzir os trøgs - esses sim com alguma utilidade durante a parte 3.
Em um panorama geral, apesar de retornos interessantes e ótimos conceitos, existe uma clara exposição de ideias sem um real desenvolvimento destas. Descobrimos mais sobre a Terra das Máquinas, somos introduzidos à novos personagens, maldições e a linhagem da família real. Mas limita-se a isso: expor o quão vasto é o mundo criado por Groening. Dessa forma, (Des)encanto traz mais perguntas do que respostas em um começo de temporada por vezes enfadonho e repetitivo.
Individualmente, Bean é a personagem mais trabalhada e, ainda assim, fadada a repetir os mesmos erros vistos nos anos anteriores. Sem entrar no âmbito dos spoilers, conhecemos muito mais de sua personalidade e força. Destaque para o episódio 7 que consegue ser leve e descontraído sem tornar-se exaustivo. Luci e o Elfo, por outro lado, são quase que inteiramente apagados nessa nova leva de episódios, sobretudo nos 3 primeiros. Não existe nada realmente novo sobre qualquer um dos dois, servindo como simples alívio cômico - funcionou na parte 1, divertiu na parte 2, mas o elo começou a enfraquecer. E se tem um personagem que realmente merece destaque é Oona, a ex-madrasta de Bean. Ela rende divertidos momentos e demonstra uma genuína evolução no decorrer das temporadas.
Em suma, o show da Netflix se mantem em sua zona de conforto. Aos telespectadores menos exigentes, a 3ª parte soará ótima, pois repete muito do que já fora apresentado anteriormente. A outra parcela do público, todavia, deve notar os deslizes e a enrolação que é entregue. Para a parte 4 já confirmada, resta torcer para um desenvolvimento melhor dos inúmeros conceitos e tramas simplesmente jogados na tela. No entanto, dado o gancho do último episódio (repetido, por sinal), as expectativas são baixas.
Nota: 6
Postar um comentário