"Missão Presente de Natal" não apenas deve na ousadia, como morre no marasmo.
Missão
Presente de Natal (Operation Christmas Drop) é mais um
integrante da lista natalina de fim de ano do catálogo da Netflix e traz uma
história inspirada numa operação humanitária real realizada pelas Forças
Armadas americanas. O roteiro é assinado por Gregg Rossen e Brian Sawyer,
enquanto a direção ficou por conta de Martin Wood.
Admito que assistir Alexander Ludwig, o
eterno Björn Ironside, no papel de um mocinho de comédia romântica foi uma
experiência pra lá de inesperada. Se não entendeu a referência, eu te explico.
O ator principal do longa-metragem é ninguém menos do que o intérprete de um
dos personagens televisivos mais marcantes da famosa série Vikings, conhecida
pelas dramáticas e violentas cenas.
A narrativa traz Erica Miller (Kat
Graham, Vampire Diaries), assistente
parlamentar de uma deputada, que recebe uma tarefa pra lá de indigesta. A pedido de sua chefe, ela fará uma visita
técnica a base aérea de Andersen, localizada em uma ilha tropical do Pacífico,
a fim de analisar se de fato essa base é necessária e produtiva para o país, ou
se apenas gera gastos públicos. Após uma matéria ter sido veiculada na imprensa,
o local passou a ter um alvo nas costas uma vez que sua missão mais marcante seria
lançar presentes de Natal a partir de aviões aos moradores de ilhas distantes, o que não
é de fato atribuição das forças armadas, tornando-se assim uma das principais candidatas
ao fechamento.
Andrew Jantz (Alexander Ludwig, Vikings), um capitão e piloto de cargueiros carismático
e extremamente empático, será responsável por convencer a assessora dessa parlamentar
de que além de estar localizada numa posição estratégica para os Estados Unidos,
Andersen é de suma importância.
A burocrata a princípio se mostra
arrogante e prepotente, exibindo resquícios de uma rigidez estabelecida a
partir da perda recente de sua mãe. Isso logo rende conflitos com Andrew que sempre
tem respostas rápidas e ácidas e fará de tudo para distraí-la durante seu
período de avaliação.
Aos poucos Erica vai se envolvendo com
a comunidade da ilha e rapidamente conhece como verdadeiramente funciona a missão
de Natal, que é uma operação de distribuição de remédios, alimentos, roupas e
outros mantimentos realizadas pelos cargueiros americanos, sem uso do dinheiro
público, utilizando exclusivamente doações. Dessa forma, ela fica cada vez mais
confusa e dividida entre sua promoção no trabalho, ou em lutar pelo que genuinamente
acredita.
A mensagem central gira em torno de
como a decisão de uma pessoa é capaz de ressoar na vida das demais. Atingidos
por um tufão, os moradores das ilhas de entorno não têm energia, a escola online
está fora do ar e alguns povoados só recebem suprimentos uma vez por ano. A
situação é caótica e impossível de não se sensibilizar.
O filme
não tem um verdadeiro viés cômico, ainda que seja mencionado por alguns como uma comédia
romântica. É basicamente um romance com uma mensagem de solidariedade. A trama não te dá tempo para refletir, já que
tudo é resolvido muito prontamente. O roteiro não ousa, não se arrisca e é
quase insosso. Por um momento achei que o ápice seria um alerta de tufão que
acontece no último terço do longa, mas nem esse arco tem seguimento, mostrando
que o filme é um caminhar em círculos numa floresta e absolutamente sem
identidade.
Kat Graham
não convence como protagonista. Ainda no começo, quando ela seguia a linha mais
rígida e arisca, a personagem pareceu funcionar, contudo à medida que Erica se transforma, a naturalidade é perdida e ela se torna bastante
piegas. Alexander, por sua vez, executa bem o papel, embora não tenha sido
suficiente pra salvar o filme do marasmo. O romance não se desenvolve nos pouco
mais de 90 minutos. Não dá nem pra avaliar se o casal tem química, pois o
roteiro não nos oportuniza isso efetivamente.
Se há algo
válido, além dos cenários de tirar o fôlego, é a mensagem de transformação e de
que como doar um pouco do seu tempo às vezes vale muito mais do que o que
muitos governantes fazem por anos na política em favor da população. A
diversidade é também um ponto favorável no filme. É sempre bom ver caras novas
nas telinhas, livres dos inalcançáveis padrões estéticos da indústria
cinematográfica.
Mesmo para
um filme de Natal, cujas exigências são menores, o longa é fraco. Tem uma
mensagem legal, mas desinteressante da forma como foi contada. Daqueles que
você se pega se distraindo com o celular com facilidade, já que a história não
engrena. É cansativo e morno em sua totalidade. Minha sugestão é:
não perca seu tempo, certamente tem opções natalinas melhores no catálogo.
Nota: 5,0
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