Adaptação de uma das maiores equipes dos quadrinhos da Marvel funciona, porém erra em alguns aspectos.
Sinopse: O cientista Reed Richards convence seu arrogante colega Victor Von Doom a financiar seus experimentos com energia cósmica. Na estação espacial Von Doom, a tripulação, incluindo o astronauta Ben Grimm, a pesquisadora Sue Storm e o piloto Johnny Storm, é exposta a uma tempestade cósmica misteriosa que dá superpoderes a eles.
Quarteto Fantástico foi a quinta adaptação de quadrinhos feita pela finada 20th Century Fox Studios após o sucesso dos primeiros filmes de X-Men. Tem um ótimo elenco e boa direção, no entanto, não sai do básico. O longa é dirigido por Tim Story e adapta a equipe de personagens da Marvel criada por Stan Lee e Jack Kirby nos 60. As histórias do Quarteto sempre tiveram um tom mais familiar e os vilões variavam de ameaças terrestres à alienígenas dependendo da edição. Nesse filme, eles optam por fazer algo mais “pé no chão” e começar com uma trama “realista”, mas que ainda sim mantém o espírito do material fonte.
O roteiro vai direto ao ponto no primeiro ato e nos apresenta os personagens, seus relacionamentos, objetivos e tensões. Reed Richards (Ioan Gruffudd) é um cientista falido que busca em Victor Von Doom (Julian McMahon) um financiamento para seu projeto de pesquisa espacial, ele leva consigo seu amigo e sócio Ben Grimm (Michael Ckiklis). Uma vez lá, descobrem que Victor já estava a par da empreitada e aceita financiar o projeto por uma alta porcentagem dos dividendos. A situação fica mais interessante quando eles descobrem que Sue Storm (Jessica Alba), ex-namorada de Reed, trabalha para as empresas de Victor e tem um relacionamento com ele.
Essa primeira parte é muito eficiente em estabelecer toda a base do restante da trama, pois várias dicas informações passadas ali serão importantes para o restante da narrativa. Quando a missão dá errado e os personagens descobrem seus poderes, as coisas começam a ficar mais heróicas com cenas de ação, computação gráfica, trilha sonora com tom mais épico e boas piadas. Esses elementos são presentes na maior parte dos blockbusters de ação e funcionam bem na trama, apesar de alguns momentos terem uma continuidade tosca. Por exemplo, na cena da ponte, é muito “conveniente” que nem trinta segundos após o acidente, haja um cordão policial de isolamento na área, obrigando os heróis a “usarem" seus poderes. Uma das cenas mais forçadas é quando a Mulher-Invisível tira sua roupa em público apenas para mostrar o corpo da atriz Jessica Alba, já que em termos de lógica a ação não faz sentido. Aliás, essa tal piada é forçada outras vezes no filme.
Em termos de desenvolvimento, o roteiro acerta um pouco mais e dá a cada personagem uma personalidade distinta e com seus próprios dilemas. Reed é um cara inteligente, mas não sabe tomar decisões importantes sobre sua vida pessoal, fato que acabou culminando em seu rompimento com Sue. Ela por sua vez deseja um homem que saiba o que quer e luta para manter a equipe reunida em meio a tantas brigas causadas por seu irmão. Johnny Storm (Chris Evans) é o típico playboy inconsequente que gosta de zoar os outros e deseja atenção constante. Apesar de ser o personagem mais fraco em termos dramáticos, é graças a ele que temos alguns dos melhores momentos cômicos do filme e as cenas dele em chamas são muito bonitas visualmente.
Ben Grimm, o Coisa é o personagem que mais sofre com a mudança, pois teve seu corpo completamente modificado tornando-se uma espécie de homem feito de pedra. Dentre todos, ele é o que mais perde, pois sua noiva termina o relacionamento após descobrir a nova aparência dele. Por mais que no papel essa mudança tenha um potencial dramático interessante, o roteiro não sabe desenvolver isso de forma orgânica e a maioria das cenas sobre esse plot são muito curtas ou cheias de diálogos clichês e manipulações baratas. O vilão da obra é o Victor Von Doom conhecido como Dr. Destino nas HQs, infelizmente, apesar dos esforços do ator Julian McMahon, ele é o personagem mais fraco do filme e um vilão extremamente genérico.
Toda a trama desse personagem é cortada da narrativa com os poucos momentos focados nele sendo curtos e sem o impacto esperado. Após o desastre da missão, a empresa dele entra em colapso e ele começa a sofrer lentamente os efeitos da transformação causada pela tempestade cósmica. O personagem afirma a todo tempo o quão é bem sucedido, então quando começa a perder o controle de sua empresa, daria uma tremenda cena dele tentando lidar com isso, mas os que temos são momentos rápidos em que ele lida com banqueiros malvados que querem tirar seu patrimônio. O ódio dele em relação ao Quarteto é deveras superficial e precisava de mais tempo para ser desenvolvido de forma plausível.
Em termos técnicos, o filme não é um esplendor, mas tem boas cenas de ação e sabe usar a inteligência do grupo a fim de criar combates com estratégicas de contenção críveis tal como acontece no terceiro ato. O uso de computação gráfica é bem feito na maior parte dos momentos, mas existem aquelas cenas onde o CGI envelheceu um pouco mal. O design de produção é bem comum, não há nada de muito destaque, os cenários são bem feitos. O figurino heróico tanto dos heróis quanto dos vilões são bons e respeitam o material fonte, algo incomum na época, já que na própria adaptação de X-Men não havia isso.
A direção de Tim Story soube trabalhar bem a dinâmica do elenco com todos os atores visualmente entrosados, reforçando o tom familiar do grupo. Vale lembrar que como em toda família, os personagens brigam, discutem, dão apoio uns aos outros e tem um forte senso de companheirismo. A maior virtude do filme foi entender isso.
Quarteto Fantástico é um filme legal que tem alguns problemas de roteiro, mas diverte muito.
Nota: 6,0
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