Sinopse: Funcionária de uma indústria de cosméticos é assassinada depois de descobrir um perigoso segredo sobre um produto antienvelhecimento. Porém, um gato egípcio a salva, dando-lhe o poder da velocidade e os sentidos de um ágil felino.
Mulher-Gato é uma das adaptações de quadrinhos mais infames da história, muito é dito sobre a qualidade (ou falta dela) e não faltam reclamações dos fãs a respeito da falta de elementos tangíveis com o universo do Batman. O longa dirigido por Pitof é tão bizarro que fica a dúvida na mente de como os responsáveis pelo projeto permitiram certas decisões. Esse filme é uma bagunça tamanha que chega a ser fácil criticar todos os seus problemas que vão da direção ao roteiro e em menor escala as atuações, mas vamos por partes.
De cara, o maior defeito está na edição, as cenas são muito mau cortadas com um frame novo sendo mostrado a cada segundo sem espaço para que o espectador consiga entender o que está acontecendo na cena. Essa falha na edição vai desde momentos mais calmos às cenas de ação que também são horríveis. A câmera se comporta de modo esquizofrênico e aponta para todas as direções possíveis e não consegue focar em um único espaço. Basta observar a cenas de luta da Mulher-Gato (Halle Berry) que sempre são lotadas de cortes para tentar esconder uma coreografia fraca e pouco crível.
As cenas acrobáticas também sofrem desse problema, mas para disfarçar o péssimo CGI usado para fazer esses movimentos “complexos”. É muito óbvio que não é a atriz que faz essas cenas e o diretor sempre tenta deixar a câmera o mais distante possível a fim de “suavizar” essas falhas. É de se espantar que alguém na sala de edição tenha considerado que era um filme aceitável no que tange a montagem, pois sem dúvida, o que faz esse longa ser pior é isso.
Vamos falar do roteiro agora, foi usada uma história de origem que remete em partes à origem da personagem utilizada em Batman: O Retorno, porém aqui eles investem mais no elemento sobrenatural e dão poderes para a Mulher-Gato que aqui é Patience Philips e não Selina Kyle como nos quadrinhos. A história é muito genérica e o que torna isso ainda pior é que não há a menor sutileza nesse roteiro, sempre que a protagonista precisa de alguma explicação, existe uma pessoa para dar conselhos ou contar informações do modo mais expositivo possível.
Outro elemento ruim está nas cenas involuntárias de humor, observe que não é um humor intencional, pois algumas cenas são feitas com um propósito de serem dramáticas, mas que trazem um riso pelo péssimo texto e as atuações caricatas. Aliás, atuações ruins aqui não faltam, Halle Berry até se esforça, mas o texto simplesmente não permite que ela consiga fazer algo legal com a personagem. Patience é extremamente clichê e não tem um pingo de profundidade, a coisa até melhora quando ela vira a Mulher-Gato, porém por mais que algumas cenas dela sejam legais, os demais defeitos citados atrapalham muito.
Um exemplo disso é na cena em que a personagem luta contra o detetive Tom Lone (Benjamin Bratt), mas mãos certas, poderia ter sido um momento sexy e porradeiro, mas aqui é um show de péssimas coreografias de luta, atuações ruins e edição maluca. Há também erros de lógica gritantes, o primeiro deles é revelar o antagonista principal muito abruptamente, isso tirou o fator surpresa que a trama poderia ter e deixa o público sabendo de todos os detalhes antes da hora. Então, eu pergunto, por que devo ver uma história que eu já sei o que vai acontecer ?
Outros erros tangem à imbecilidades, como por exemplo, no ato afinal, Patience escapa da delegacia e rouba um carro do exato lado do prédio. Logo depois, o filme parece esquecer disso e também ignora as diversas evidências físicas que a polícia recolheu. Ora, não faz o menor sentido lógico e prova que coerência não é o forte desses escritores. A questão do cosmético da Bio line também não tem sentido, pois a personagem de Sharon Stone afirma que a pele da pessoa vira um mármore com o uso contínuo, mas bastou a Mulher-Gato dar umas arranhadas que isso foi esquecido.
Aliás, a Sharon Stone está fazendo uma vilã caricata e só isso. Essa personagem tem um certo discurso de empoderamento que simplesmente não cola, assim como o feminismo da obra que é abordado muito superficialmente. Um ponto positivo é a trilha sonora, por mais que as cenas sejam mau editadas, a música consegue deixar o momento mais aprazível e surpreendente existem bons temas aqui. Já a computação gráfica é horrível, os caras são tão preguiçosos que fazem gatos de CGI sem a menor necessidade, os pulos da personagem são deveras artificiais também.
Mulher-Gato é um filme errado desde a sua concepção e merece a má fama que possui.
Nota: 2,0
Postar um comentário