Debates sobre o fim do formato são feitos há anos e com o advento das plataformas digitais, ficou mais necessário um posicionamento sobre o tema.
Desde criança, sempre fui fascinado por filmes e ia constantemente à locadora de vídeo pegar os meus longas favoritos. Era uma ótima sensação, eu ficava longos minutos apreciando as prateleiras cheias de VHS e eventualmente de DVDs, a fim de olhar com atenção todos os títulos disponíveis. Inclusive, uma das razões para o meu gosto mais eclético para filmes é o fato de sempre tentar variar o gênero dos DVDs que alugava.
Levava filmes de terror, ficção científica, suspense, animações e dramas, portanto ter uma locadora de vídeo perto da minha casa, sem dúvida contribuiu para saciar a minha fome cinéfila por vários anos. Porém, com o passar dos anos, as lojas que forneciam esse tipo de serviço foram fechando aos poucos e muito disso se deve ao avanço da disponibilização dos conteúdos na internet como também o surgimento de plataformas de streaming como a Netflix.
Um fato curioso é que a experiência de uma locadora de vídeo e da Netflix não são tão diferentes assim, por mais que existam diferenças óbvias. Nas duas você assiste um determinado filme por um certo período de tempo e paga um valor por isso, a grande diferença reside no fato de que na Netflix, você paga um valor para acessar todo o conteúdo do catálogo. Já na locadora, você pagava por cada título que alugava, além de uma multa caso atrasasse a entrega.
Só que eventualmente, certos filmes saem do catálogo dos streamings por conta do vencimento dos direitos de exibição. Nas lojas de aluguel presencial, nem sempre certos DVDs estavam disponíveis, pois outras pessoas o teriam levado. Isso nos leva à uma questão central, independente de tudo, nos dois jeitos, a pessoa não é dona do filme que alugava, ela apenas usufrui dele por algum tempo.
É aí que entram a parte dos colecionadores de mídia física, há anos os estúdios usam a venda de cópias físicas em DVD e Blu-ray como uma forma de ganhar mais dinheiro com suas produções. Dessa forma, os amantes de cinema ganharam uma forma de possuir seus filmes favoritos, abrindo todo um mercado para colecionadores de mídia física em seus diversos formatos. Além dos já citados DVD e Blu-ray, atualmente existem os steelbooks, boxes e edições especiais em estátuas personalizadas ou embalagens premium.
Com os anos, eu fui adquirindo uma coleção cada vez maior de vários dos meus filmes favoritos e criei um gosto particular por colecionar mídias físicas. Tenho clássicos, animações da Disney, filmes da Marvel e DC, filmes ruins (coleção de Resident Evil 😂) e tudo o que você possa imaginar. Mas por que eu estou dizendo tudo isso ? O ponto é que todos esses filmes são meus pelo tempo em que durarem e esse é o principal ponto a favor da mídia física em relação ao digital. Não importa o que a empresa detentora dos direitos do filme faça, essa cópia é de minha prioridade e ninguém pode tirá-la de mim.
Na quarta-feira (28), uma matéria do The Hollywood Reporter trouxe à tona a história de uma mulher estadunidense que abriu um processo contra a Amazon Prime Video alegando que a companhia engana quem compra conteúdos digitais. Segundo ela, a plataforma não é dona dos direitos de alguns longas à venda, então o que a pessoa compra é uma licença de tempo indefinido para acessar o conteúdo, mas não o possue de fato.
Nesse caso, se a licença da Amazon for revogada ou alterada por alguma razão, a pessoa perderia o filme comprado. A Amazon respondeu alegando que os termos de uso explicitam bem essa tecnicalidade e afirma que nunca enganou ninguém. O conteúdo está disponível para o consumidor enquanto o licenciamento for válido. O caso chama a atenção por trazer mais uma vez o argumento da falta de certeza de propriedade que cercam a aquisição de conteúdos digitais.
Apesar disso, não serei um elitista dizendo que a mídia física é o melhor jeito de comprar filmes, esse não é o ponto desse texto. Cada um compra no formato que acha melhor, estou ciente que mídia física anda muito cara, eu mesmo parei de comprar com frequência devido aos altos preços. Meu objetivo é tentar esclarecer algumas das preocupações sobre esse assunto e partilhar minhas ideias com vocês.
O mercado de venda de mídia física no Brasil diminui a cada ano, várias empresas que cuidavam da produção de títulos para o mercado nacional estão fechando as portas e isso tem deixado os colecionadores aflitos. Um dos maiores portais de colecionadores, o Blog do Jotacê, noticiou recentemente que a Sony estava negociando repassar suas operações em mídia física para outra empresa. Ela controlava a produção de mídia física da Sony, Universal e Paramount, dessa forma, por enquanto, esses três estúdios não terão mais títulos lançados até que uma nova companhia assuma.
Outro grande baque para a comunidade veio com a notícia de que a Disney não irá mais licenciar seus filmes para mídia física. Eles encerraram o contrato com a empresa responsável pela produção de DVDs e Blu-ray e parece que a estratégia é fazer com que todos os conteúdos só possam ser consumidos pelo vindouro Disney+. Logo, a companhia do Mickey quer forçar seus consumidores a assinar o serviço de streaming, tornando difícil o consumo por outros meios.
Por fim, é importante ressaltar que apesar dos avanços na distribuição, algumas pessoas ainda preferem os meios físicos para a aquisição de filmes e tirar isso deles não só é cruel, como demonstra uma forma muito agressiva de tratar os consumidores. Não serei ingênuo, é óbvio que a falência de certos setores torna-se inevitável com o tempo, mas ainda não é a hora da mídia física e os colecionadores estão de acordo.
Esse foi o artigo de hoje pessoal, espero que tenham gostado. Deixem suas impressões nos comentários abaixo e até a próxima !
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