Era quinta-feira, em uma tarde chuvosa na qual eu decidi rever o segundo filme da franquia Transformers, disponível na Netflix. Sentei em meu sofá e comecei a assistir ao filme, pronto para odiá-lo. Foi aí então que uma hora se passou e eu surpreendentemente estava gostando. Quando acabou, com o discurso de Optimus Prime ao som de Linkin Park, eu estava devastado. Por que eu gostei de um filme completamente caótico que parece ter sido dirigido por uma criança de doze anos? O filme tem suas inúmeras falhas, é repleto de defeitos, ainda mais quando se trata do roteiro, mas eu me diverti mesmo assim. 

A maioria parece preferir o primeiro a esse, fazendo de mim então a exceção. Eu achei que as sequências de ação foram mais coesas aqui. No primeiro, os mil cortes por segundo e o amontoado de acontecimentos que acontecem em um curto período de tempo tornou impossível a tarefa de compreender o que se passava na tela.

Aqui, achei que os enquadramentos e ângulos ajudaram a tornar todo o festival exagerado de destruição cheio de adrenalina do Bay mais compreensíveis. Bay tem sua visão, mesmo que seja uma que pareça que tenha saído da mente de um adolescente excêntrico em plena puberdade obcecado com piadas de cunho sexual, e não tem medo de mostrá-la para você.  

Como mencionei, o maior problema do filme é seu roteiro, um desprovido de lógica e sentido, e talvez o fato de que eles filmaram sem um pronto tenha a ver com isso. Mas aqui você tem diálogos expositivos a rodo, frases de efeito cafonas muito forçadas, o humor infantil e é claro, a inexplicável vontade de Michael Bay em impressionar o espectador que faz com o filme não tenha nenhuma carga dramática. Sim, o filme é sobre uma guerra entre duas facções de robôs de uma raça alienígena, mas isso não é desculpa pelas atrocidades feitas aqui. Bay não quer saber de desenvolvimento de personagens ou sequer uma narrativa pelo menos aceitável, ele quer te impressionar com o número absurdo de piadas chucras, ação desenfreada, destruição sem limites e muitas, muitas explosões.


Sim, o filme tem uma cena na qual John Turturro está debaixo de um Depecticon que tem duas bolas de demolição debaixo das pernas e na qual ele as chama de “o escroto do inimigo”. Só de descrever eu me retorço de vergonha alheia. Até agora eu não entendi o porquê de eu ter gostado dessa coisa.

Talvez seja por causa das explosões plásticas, o fetiche pela destruição de Bay pode ser comparado com o fetiche por pés do Tarantino, das sequências de ação em locais diversificados, e em que cada cenário tem sua identidade visual: em Xangai vemos vários letreiros em neon, na base militar localizada na ilha de Diego Garcia o foco é no clima tropical, há uma batalha em um floresta enevoada assim como uma no Egito, então pelo menos nessa parte não há repetições. 

Também há os efeitos especiais que beiram a perfeição. Eu tenho meus problemas com os designs dos Autobots e dos Decepticons, mas não posso negar que o CGI deles são um dos melhores na indústria, e que devem dar um trabalho monstruoso para fazer. Para um filme que lançou faz uma década, seus efeitos especiais não envelheceram nada. É claro que isso não vai beneficiar um filme isento de história, mas isso ajuda quando o objetivo é apenas mostrar robôs se batendo e destruindo tudo ao redor deles.  

Transformers: A Vingança dos Derrotados não deve ser considerado um filme, está em outro patamar por causa de sua qualidade questionável. As atuações são cartunescas, a maioria vinda de atores canastrões, além do uso excessivo de slow motion, os estereótipos raciais preocupantes encontrados no filme, da sexualização constante da coitada da Megan Fox e a direção histérica de Michael Bay. Não há razão para gostar desse filme. Mas eu achei o Optimus Primes com duas asas e um canhão derrotando o mestre do Megatron e voando até a Grande Esfinge de Gizé sensacional. Me julguem.

Nota: 4

Publicado por: Sam.

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