Novo filme do homem de aço tem potencial, mas uma história fraca atrapalha uma maior apreciação.


Sinopse: O jovem Clark Kent é estagiário no Planeta Diário enquanto aprende a salvar a cidade de Metrópolis.

Superman: Man of Tomorrow surge poucos meses após o fim do universo compartilhado de animações dos novos 52 com um novo estilo de animação e novos dubladores para contar mais uma vez a origem do homem de aço. Por mais que o clima otimista característico do personagem esteja presente, fica evidente que o roteiro escrito por Tim Sheridan não sabe valorizar seu protagonista e atira para todos os lados na narrativa. O próprio Superman vira um coadjuvante em seu próprio filme para dar espaco à reviravoltas tolas e personagens desnecessários.

O filme nos apresenta Clark Kent/Kal-El (voz de Darren Criss) em início de carreira tanto como super-herói quanto no ramo jornalístico. O personagem é cheio de dúvidas a respeito de sua origem e papel no mundo como também tem dificuldades para se encaixar no Planeta Diário sentindo-se pouco útil.  É nessa parte em que ele deve provar o seu valor, pois chega o alienígena Lobo (voz de Ryan Hurst), um caçador de recompensas atrás do suposto “último kryptoniano" da galáxia. Inicia-se o primeiro combate da carreira do Superman e não apenas ele tem dificuldades para derrotar o Lobo como também por conta de um descuido surge o vilão Parasita (voz de Brett Dalton).

O maior problema nesse filme são as reviravoltas pífias que a narrativa tenta empurrar goela abaixo do espectador, não há menor sutileza na construção dos “plot-twits" e alguns deles nem deveriam existir, pois atrapalham tramas mais urgentes e soam deslocados. O Lex Luthor (voz de Zachary Quinto) é a maior prova disso, o papel dele no filme deveria ser apenas dar suporte ao Superman, porém como já sabemos ele é um vilão e da maneira mais idiota resolve revelar sua natureza nefasta no momento mais impróprio possível. Teria sido bem mais interessante não usar o personagem dessa forma logo no primeiro filme e deixar essa rivalidade para futuras sequências, mas o roteirista achou que quanto mais vilões melhor, então ficou aquela coisa forçada.

A história ainda conta com as presenças de Lois Lane (voz de Alexandra Daddario) e Caçador de Marte (voz de Ike Amadi). A primeira é apresentada também como uma jornalista em início de carreira, mas diferente de Clark, ela sabe fazer as perguntas certas e não tem dúvidas sobre si mesma. Isso dá à personagem  a coragem necessária para derrubar poderosos como Lex Luthor fazendo um paralelo interessante com as incertezas do homem de aço.


Só é uma pena que o uso dela na narrativa seja um pouco decepcionante, pois na maioria das cenas ela está tentando dar uma de esperta ou sendo um pouco arrogante. Já o Caçador de Marte é o típico caso de personagem que não deveria estar no filme, pois além de sua presença não oferecer muito em termos de personagem, ele é usado como deus ex-machina pelo roteiro a fim de dar explicações óbvias ou aparecer justo nas horas mais necessitadas sendo conveniente ao extremo.

O Superman em si é um herói fraco na maior parte do filme, pois nunca consegue resolver nada sozinho e o fato do principal vilão ter a habilidade de sugar os poderes dos que o tocam não ajuda muito. Teria sido interessante essa vulnerabilidade caso ela realmente se cumprisse, mas devido aos “roteirismos”, sempre parece sobrar algum poder pra ser usado. O que mais funciona nessa versão do personagem é o seu senso de justiça e misericórdia, ele nem sempre gosta de apelar pra violência e através das palavras tenta contornar o medo do público em relação à ele e seu propósito na Terra.

Porém, por mais que esse otimismo faça jus ao legado do personagem, a trama não sabe dar uma utilidade para isso além do discurso, pois ele se torna excessivamente bobo em alguns momentos. Basta notar que os diálogos são os mais repetitivos e clichês possíveis, aquela parte dele esquecendo da luta pra contemplar a recém-descoberta herança kryptoniana é muito ruim.

Em termos técnicos, a animação é bem mais caprichada que em filmes anteriores. Os personagens tem um design bem semelhante ao dos quadrinhos e a movimentação deles é mais fluida e não tão engessado quanto nos novos 52. Só que mesmo com essa melhoria, fica nítido que é uma animação com restrição de orçamento, logo com exceção dos personagens, o resto do cenário visual continua bem estático e com um design preguiçoso. Isso é curioso, pois dessa vez, eles decidiram dar um ar mais futurista à Metrópolis, mas nada tão impressionante quanto poderia.

Superman: Man of Tomorrow diverte, mas não deixa de ser um começo decepcionante para essa nova versão do personagem.

Nota: 5,5

Publicado por: Matheus Eira

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