Sinopse: Um grupo de jovens enfrenta um assassino mascarado que testa seus conhecimentos sobre filmes de terror. A pequena cidade de Woodsboro nunca mais será a mesma.
Pânico foi um dos filmes mais importantes para a manutenção do gênero de terror slasher após certo cansaço causado pelas produções dos anos 80. O roteiro de Kevin Williamson é dotado de uma metalinguagem que brinca com os clichês do gênero ao mesmo tempo em que dá uma “subvertida" neles. São inúmeras as referências aos clássicos do gênero tais como Halloween e Sexta-feira 13 e o roteiro usa esses filmes como base para criar uma trama de assassinatos que homenageia essas obras, mas que também tem suas próprias sagacidades.
A protagonista da obra é a bela e boa Sidney Prescott (Neve Campbell), uma jovem que sofreu com o assassinato brutal da mãe e agora parece estar sendo perseguida por um assassino que usa uma máscara de fantasma. Se você conhece o gênero slasher, já deu pra ver que Sidney não é uma personagem muito original, porém esses clichês na construção da personagem são importantes para o discurso metalinguístico do filme, pois ela é a típica caricatura de protagonista de terror.
A fórmula está presente aqui, garota bonita, virgem, traumas do passado, problemas com intimidade; Williamson pega todos esses clichês e os trabalha de forma inteligente ao fazer com que Sidney não apenas seja auto conscientes deles, mas também sabendo usá-los a seu favor quando a situação fica perigosa. É muito irônico que em certa cena, ela questiona que as protagonistas de filmes de terror são burras por não saírem pela porta da frente quando estão sendo perseguidas por um assassino, porém logo depois ela comente esse mesmo erro quando sobe as escadas ao invés de sair pela porta.
O resto dos personagens também são “estereótipos” em suma maioria com o destaque ficando para Gail Weathers (Courtney Cox), uma repórter sensacionalista que faz de tudo por uma história. As cenas dela são dotadas de um humor quase satírico ao circo midiático em torno da violência e ela própria não é uma pessoa das mais carismáticas fora das câmeras. Mas ela é usada pelo roteiro a fim de fazer uma crítica ao destaque exacerbado que a mídia dá para serial killers, pois fica claro que naquela situação, as vítimas deixam de ser humanas e passam a ser apenas um meio de promoção pessoal dos repórteres. Dessa forma, causando uma extrema desumanização nessas vítimas e tornando a vida dos sobreviventes um inferno sem que haja privacidade ou empatia.
A direção de Wes Craven constrói as cenas de suspense com um tom puxado para o exagero, nota-se que ele dirige o filme usando as convenções do gênero, mas com um diferencial para o fato de que ele entende o que deve mostrar nas cenas. A cena de abertura do filme é o maior exemplo disso, toda a tensão entre Casey Becker (Drew Barrymore) e o assassino ao telefone é feita aos poucos. Você se pega duvidando da seriedade da situação em alguns momentos e por isso é tão bom, pois ele sabe manipular bem as emoções do público. Esse sentimento de manipulação é algo recorrente na narrativa, pois a identidade do assassino é algo de constante debate entre os personagens e Craven a todo momento dá indicativos de várias pessoas suspeitas, mas sempre fica aquele sentimento interno de dúvida ainda mais levando em conta que os personagens são estereotipados ao extremo e um deles pode não estar sendo a sua verdadeira persona.
Por fim, vale ressaltar o bom trabalho da trilha sonora de Marco Beltrami que é sempre inserida nos momentos certos para aumentar a sensação de insegurança. O resto dos aspectos técnicos são adequados para o gênero. Talvez o maior defeito seja que em certo ponto da história, fica bem óbvio quem é o culpado porque basta prestar atenção a quem desaparece das cenas e temos a revelação.
Pânico funciona como homenagem e traz um filme divertido para os fãs de terror.
Nota: 8,5
Publicado por: Matheus Eira
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