Novo filme do Universo DC é divertido, colorido e cheio de bizarrices.


Sinopse: Após romper com o Coringa , Arlequina se junta às heroínas Canário Negro, Caçadora e Renee Montoya para proteger uma garotinha do mafioso Máscara Negra.

Aves de Rapina é o oitavo filme do universo compartilhado da DC Comics e é o mais diferente de seus antecessores em tom e narrativa. Dirigido por Cathy Yan, o longa dá sequência aos eventos de Esquadrão Suicida e mostra a Arlequina tentando se virar sozinha após terminar com o Coringa e por mais que a busca por uma identidade própria seja bem construída, a independência dela não faz sentido, pois nunca foi estabelecido o porquê do término, visto que no filme anterior “parecia” que eles tinham uma boa relação. Isso diminuiu um pouco o impacto do longa, pois a relação deles nunca foi bem estabelecida.

Em relação à trama, o roteiro de Christina Hodson não inova muito, mas tem algumas boas ideias. Construir a trama de forma desorganizada ajudou a dar uma diferenciada na estrutura padrão do gênero, além de trazer boas gags visuais. Há um elemento muito interessante que faz referência à estética dos quadrinhos. Em várias cenas, há pessoas perseguindo a Arlequina e são mostradas em tela seus nomes e motivações , isso é um jeito inteligente de fazer humor ao mesmo tempo em que dá informações ao público sem precisar de diálogos expositivos.

O desenvolvendo dos personagens e o uso deles na trama é talvez o maior defeito da película. Arlequina continua carismática e doida como sempre, porém o roteiro dá mais enfoque para a questão de construção de uma identidade própria para a personagem, uma que não dependa do Coringa e faz isso bem. A personagem narra a trama para o espectador e quebra a quarta parede em alguns momentos garantindo um tom bem satírico para a obra. Se Arlequina é bem desenvolvida, o mesmo não pode ser dito de alguns personagens.

Caçadora é basicamente uma figurante de luxo, pois aparece muito pouco na trama, porém ela tem uma motivação clara e a atriz tem bastante presença em tela. O mesmo não pode ser dito sobre a Canário Negro, pois a personagem vagueia pela trama sem rumo e sua origem e poderes não são bem explicados. Já Renne Montoya se sobressai em relação às demais personagens tendo mais destaque dentro da trama, o arco dela é bem desenvolvido dentro do contexto e a atriz faz bem seu papel, mesmo não convencendo muito em cenas de ação. Por último, Cassandra Cain é peça central no andamento da trama, mas não de destaca muito.


O antagonista principal é o Máscara Negra, a atuação de Ewan McGregor dá um ar carismático ao personagem, mas nota-se que ele não é muito normal. Em termos de roteiro, ele não é um grande vilão, porém algo que é interessante foi o fato dele manipular o psicológico de alguns personagens e sua constante paranóia. Destaque para uma cena na boate dele envolvendo uma certa risada. O capanga dele é o estranho Victor Szass, um cara cheio de cicatrizes com óbvias tendências psicopatas. Ele não é muito bem utilizado na trama, todavia há um momento em que se destaque. A cena dele com a Arlequina na Casa de Horrores foi muito boa e passou o nível de tensão que se espera de uma pessoa como ele.

As cenas de ação do longa são muito bem coreografadas na maior parte do tempo e divertem muito o espectador com situações absurdas. A fotografia de Matthew Libatique abusa de tons saturados para realçar as cenas com tons de amarelo, azul, roxo e sépia. A direção das cenas de ação é boa, a câmera sempre está posicionada num ângulo que permite a visualização da cena sem muitos cortes. O figurino já não é tão bom, os trajes da Arlequina são bem a cara dela, mas a Caçadora usa um uniforme bem baixo orçamento que em nada condiz com a estética que o filme construiu. A montagem apesar de frenética, tem cortes muito bruscos na edição das cenas e as transições entre os flashbacks e o presente não é bem feita.

A classificação para maiores garantiu uma maior brutalidade em certos blocos, porém é nítido que os produtores não souberam aproveitar esse recurso, pois quando há uma oportunidade para cena mais chocantes, a câmera se acovarda e vira para outra direção. Por último, a trilha sonora de Daniel Pemberton é eficiente ao realçar as cenas com uma batida de rock instrumental que ajuda a construir uma sensação de euforia e adrenalina nos momentos mais dinâmicos. Também vale uma menção à boa trilha musical, os destaques ficam por conta das músicas Joke’s On You, Sway With Me e It’s A Man’s Man’s Man’s World.

Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa é um filme de ação sólido, porém tem problemas de edição e aproveitamento de personagens.

Nota: 6,0

Publicado por: Matheus Eira

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