Filme de origem de Carol Danvers tem boas ideias, mas uma direção ruim aliada a um roteiro preguiçoso boicotam seu potencial


Sinopse: Capitã Marvel, parte do exército de elite dos Kree, uma raça alienígena, encontra-se no meio de uma batalha entre seu povo e os Skrulls. Ao tentar impedir uma invasão de larga escala na Terra, em 1995, ela tem memórias recorrentes de uma outra vida, como Carol Danvers, agente da Força Aérea norte-americana. Com a ajuda de Nick Fury, Capitã Marvel precisa descobrir os segredos de seu passado e pôr um fim ao conflito intergaláctico com os Skrulls.

Capitã Marvel é o primeiro filme solo de uma heroína feito pela Marvel Studios e talvez seja um dos filmes mais fracos desse universo. Nota-se em diversos momentos que foi produzido sem muito cuidado, pois há passagens neles que são bastante problemáticas e demonstram uma pressa para esse filme ser lançado, pois em produções anteriores isso nunca tinha acontecido.

O maior problema do filme é a direção de Anna Boden e Ryan Fleck que simplesmente não sabem dirigir cenas de ação. Eles usam planos fechados quando deveriam ser abertos, usam planos abertos quando deveriam ser fechados e movimentam a câmera de forma errática impossibilitando a visualização das cenas sem que haja cortes excessivos. Há dois momentos onde isso fica claro, o primeiro é na cena da missão da Starforce no início do filme onde eles devem se infiltrar num território hostil. Além da fotografia escura dificultar visualizar os acontecimentos, há muitos cortes na edição para disfarçar a péssima coreografia das cenas.

A segunda cena é na perseguição de trem no início do segundo ato. Além dos efeitos visuais serem bem artificiais, a movimentação da câmera é terrível, pois eram necessários planos mais abertos para o espectador entendesse o que acontece ali, mas ao invés disso a direção opta por planos mais fechados para disfarçar a artificialidade do combate e tira totalmente o potencial da cena. O roteiro do filme é outro ponto negativo porque é cheio de facilitações narrativas que fazem revirar os olhos com tamanha preguiça.

A maior dessas facilitações é a desculpa esfarrapada para a ausência da Starforce até o ato final do filme só para que Carol tenha tempo hábil de descobrir todos os detalhes de seu passado. Isso tira muito do peso que a história poderia ter, pois reduz toda a descoberta da personagem a um momento de conversas clichês sobre como seus “amigos” mentiram para ela. Falando na personagem, é notável o esforço de Brie Larson para dar uma personalidade divertida para a personagem ao mesmo tempo em que vemos a vulnerabilidade dela por não saber de onde veio.


A busca por uma identidade é basicamente a trama básica de quase todos os filmes de origem e aqui não é diferente. Enquanto Carol estava com os Krees, era desestimulada a buscar respostas sobre sua vida com a desculpa de que isso atrapalharia seu dever como soldado, porém no momento em que ela sai da vista deles, decide que vai pensar por si mesma e faz o que sempre criticaram. Nessa jornada pelo auto descobrimento, ela encontra um jovem Nick Fury que é um homem bem diferente do que vemos no futuro demonstrando confiar mais nas pessoas e sendo mais ingênuo no que se refere à questões de segurança nacional diferente do que ele é nos filmes futuros. Samuel L. Jackson e Brie Larson tem uma boa química em tela com ambos os personagens tendo uma boa química numa interação marcada por ironias, respeito e muita pancadaria.

A amiga de Carol, Maria Rambeau, traz a parte humana da trama explicando para a personagem título detalhes de seu passado como também lembrando a ela de que mesmo sem memória, ela sente buscou fazer o certo. A pior atuação do elenco está nas mãos de Annette Bening como Mar-Vell/Inteligência Suprema. Por mais que os papéis em si sejam distintos, é notável que a atriz está bem afetada nas duas personas com um jeito estranho de falar e um olhar bem perdido que denota tédio. Ben Mendelsohn interpreta Talos, o líder da resistência Kree num papel em que ele seria vilão a princípio. Não há muito o que falar dele, pois maquiagem em seu rosto impede que o personagem seja muito expressivo, poderia ser qualquer um nesse papel que não faria diferença.

Em aspectos técnicos, o longa não se destaca também. O design de produção é um dos mais burocráticos do gênero, pois tudo é muito cinza e sem vida. Basta observar o planeta Hala e suas naves genéricas que parecem um forno elétrico. O figurino é bom, mas poderia ser mais caprichado. Os uniformes da Starforce parecem feitos de borracha como aponta um personagem em certo trecho, mas o uniforme final da Capitã Marvel ficou bem decente para o propósito da história.

A parte mais fraca está nos efeitos visuais que são desastrosos de tão mau feitos, é bem perceptível quando trocam o gato Goose verdadeiro por um de computação gráfica. As cenas do terceiro ato sofrem com a mesma artificialidade, pois Carol usa seus poderes para voar e atacar naves só que em nenhum momento você compra que aquilo é real. Por último, a trama ser situada nos anos 90 serve apenas para não causar furos em relação aos outros filmes, pois não serve para nada de relevante no enredo a não ser para umas piadas de internet discada.

Capitã Marvel tinha potencial para ser um grande filme, mas a preguiça de seus realizadores prejudicam seu potencial, mas apresentam bem essa nova heroína do MCU.

Nota: 5,0

Publicado por: Matheus Eira

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