Depois de salvarem o mundo de Loki e seu exército Chitauri, os Vingadores agora terão que enfrentar Ultron (James Spader), uma IA criada por Tony Stark (Robert Downey, Jr.), que pretende acabar com a equipe, e com a humanidade no processo, para que o mundo finalmente alcance a paz mundial. Depois de quatro filmes e uma espera de três anos, a sequência de Os Vingadores finalmente saiu, decepcionando uma parcela de fãs da Marvel e tendo uma performance abaixo do esperado pelo estúdio nas bilheterias, apesar de ter atingido seu bilhão. Não foi um fracasso, mas parece ter sido decepcionante, tanto para o público quanto para os executivos.
Os problemas durante a produção do filme são apontados como um dos culpados pela recepção divisiva do longa. Muitas coisas foram cortadas ou mudadas, já que o primeiro corte do filme tinha três horas e trinta minutos. O filme ia ter uma participação do Loki, da Capitã Marvel e ainda do Homem-Aranha, a sequência na caverna com o Thor ia ser diferente, e Whedon teve que incluir cenas que preparavam terreno para as próximas produções do MCU. O produto final foi muito mais resultado da visão dos executivos do que a de Whedon, que não teve a resposta final aqui.


O longa também sofre por causa de seu escopo. Para a indústria, todas as sequências de blockbusters precisam ser maiores em escala do que seu antecessor, e Era de Ultron segue a regra. Ao invés de vermos um carro esportivo atravessar três arranha-céus ou mil Star Destroyers acoplados com canhões com o mesmo poder destrutivo de uma Estrela da Morte, vemos uma cidade inteira voando com um exército de robôs dentro e que estava sendo usada para o plano maligno de destruir a humanidade. Joss Whedon disse em uma entrevista que queria que o segundo filme dos Vingadores fosse "menor em escala, mais pessoal e mais árduo", e talvez essa fosse uma abordagem melhor para o filme. Era de Ultron não tem o charme de seu antecessor que é bem mais controlado e intimista, apesar de ambos serem divertidos. Apesar de Era de Ultron não ter o timing cômico, os ótimos diálogos, ritmo e os arcos de personagens bem desenvolvidos de seu antecessor, o que mais prejudicou o filme foi o fator novidade.


Apesar de filmes compartilharem o mesmo universo não ser uma novidade, o primeiro Vingadores conseguiu algo sem precedentes, e isso com o projeto tendo tudo para dar errado. Diferentes personagens de diferentes filmes e franquias convergindo em um crossover, que além de continuar arcos de personagens que já tinham sido estabelecidos em seus respectivos filmes, também tinha que estabelecer o MCU, pois aquele era o projeto mais ambicioso da Marvel Studios até então e que tinha que provar que a ideia de um universo compartilhado de filmes de super-heróis ia dar certo. Conseguir isso tudo não é tarefa fácil, mas Joss Whedon conseguiu, então ele precisava repetir o feito aqui.
O que também prejudicou o filme foi a expectativa, mas não é apenas culpa do público como também da Marvel Studios.


O filme foi vendido como um que possuía um tom mais sombrio comparado com o resto do MCU. Trailers com aquela música do Pinocchio distorcida, que também mostravam os Vingadores caídos e o escudo quebrado do Capitão América, vendendo esse filme como mais do que ele realmente era, além de prometerem que um dos Vingadores iria morrer, e no final vimos algo bastante diferente. 
Mas não é só na campanha de marketing e outros fatores fora do longa em si que o filme peca. Começando pelo vilão fraco, Ultron. A maioria dos vilões do MCU não são ruins, apenas fracos, principalmente quando o assunto é motivação. Eu aceitei Ultron achar que acabar com a humanidade e repopular a Terra com seres de metal irá trazer a paz mundial, mas me parece uma motivação preguiçosa. E isso sem falar dos diálogos vergonha alheia do Ultron, como aquele no qual ele chama crianças de "pequenos adultos", e principalmente os que fazem referências bíblicas e religiosas como: "Pergunte a Noé", "Acho interessante a geometria da fé" ou "Sempre que a Terra se ajusta Deus manda uma pedra gigante em direção a ela" e mais alguns outros.
Também temos algumas escolhas narrativas duvidosas, como o romance entre Banner e a Viúva Negra. Natasha se identifica com ele pois ela se acha um monstro assim como o Hulk, o que sinceramente achei um pouco forçado, e fazer com que ela fosse a responsável por acalmar o Gigante Esmeralda também não fez muito sentido. Talvez no corte de três horas esse romance seja mais desenvolvido, mas aqui essa tentativa de romance não deu certo.


O ritmo do filme também sofre por causa do dedo dos executivos, e também por causa do Whedon, ainda mais com aquela parte na fazenda do Barton, que por mais que vá naquela direção de um filme mais pessoal que o Whedon queria, aqui nesse corte essas cenas parecem muito deslocadas do restante do longa. Outro problema é o jeito de como lidam com o Thor. Enquanto todos têm o seu momento no filme, Thor é deixado de lado e apenas na sequência dos sonhos que vemos ele tendo algum destaque, mas no final aquela cena com o Heimdall foi apenas um teaser descarado de Thor: Ragnarok.
Mas Era de Ultron também acerta. As cenas de ação são consideravelmente melhores do que as do primeiro filme, principalmente a sequência dos Vingadores invadindo a base do Barão Strucker logo no começo. A cena do Afterparty, que é aquela em que os Vingadores e conhecidos tentam levantar o Mjølnir, é sem sombra de dúvidas a melhor parte do filme e um dos melhores momentos do MCU como um todo, a interação dos personagens funciona perfeitamente, ainda mais com um elenco que tem tanta química juntos, e os diálogos aqui estão no mesmo nível dos do primeiro Vingadores. A introdução do Visão é bem legal, ainda mais a discussão entre Stark e Banner antes do evento sobre eles estarem em um loop temporal. O impacto desse filme em outras produções do MCU, como Guerra Civil e os últimos dois filmes do Vingadores, também são um ponto positivo, mas infelizmente no geral temos um filme decepcionante.
Podendo ser muitos mais do que foi, e prometendo mais do que é, Era de Ultron peca nos aspectos onde o seu antecessor acertou. Apesar de sofrer com a expectativa na época de seu lançamento, isso não anula o filme de criticismos que merece. Era de Ultron é uma sequência e um filme falho, mas ele ainda proporciona a diversão de ver super-heróis lutarem com um exército de robôs. Talvez um dia vejamos o corte do Joss Whedon, e quem sabe vejamos mais daquele filme menor em escala que ele queria feito, mas isso ainda é um sonho distante.


Nota: 6,5

Publicado por: Sam.

Post a Comment

Postagem Anterior Próxima Postagem